Vitor Hugo – Artigo de Dom Sergio – Publicado dia 22/12 – Jornal Em Tempo

Grande escritor francês do século retrasado, nasceu no início do século em 1802 e morreu em 1885. Seu nome é dos maiores também na literatura universal, onde fez história com romances como “’ Os Miseráveis”, “Notre Dame de Paris” e “O homem que ri”. Além disto foi um estadista, participando ativamente da vida política da França, onde se tornou um dos defensores dos direitos humanos. Como escola literária é um romântico. Mas não é deste Vitor Hugo que eu quero falar.

O Vitor Hugo de hoje é ainda um recém-nascido, filho de um grande amigo que deu este nome ao filho logo que soube que a sua esposa daria a luz um menino. Não entendi bem a razão, mas tem a ver com Vencedor, uma vez que ele quer que o seu filho seja vitorioso na sua peregrinação neste mundo de Deus. O pequeno herdeiro já é um vitorioso. Num mundo onde tantas crianças chegam sem serem queridas, onde muitas são abortadas, ele chegou como um verdadeiro príncipe. Esperado e já amado pelos avós, tios, primas e primos, amigos do papai e da mamãe, todos na expectativa de seu nascimento. Em tempos de rede sociais, sua foto com papai e mamãe já circulavam na internet minutos após o seu nascimento para o mundo, porque para os seu pais já há nove meses ele era uma presença.

Todo nascimento aumenta nossa esperança num mundo melhor. A criança que nasce tem toda possibilidades de viver melhor do que nós vivemos. Elas desafiam a nossa capacidade de amar de verdade para proporcionar a elas uma vida melhor, se tornando a razão de nossas labutas. É pelos nossos filhos e filhas que lutamos por mais dignidade nas Instituições e na Sociedade em geral. Digo nossos porque me sinto um pouco pai destes meninos e meninas que vi nascer e que crescem rapidamente e muito cedo dizem aos pais que os amam muito, mas que a vida é deles.

Eles não pertencem aos pais mas ao mundo que espera por eles e por sua decisão de qual caminho irão trilhar. São livres e a liberdade de escolha é respeitada pelo próprio Deus. Sei que os pais do Vitor Hugo, bem como toda a sua família, vão transmitir-lhe a fé que é o dom mais precioso que temos, e que ele viverá numa atmosfera de carrinho e respeito, que grande parte das crianças não tem.

Nascido na memória litúrgica de São João da Cruz, o que para quem tem fé não é coincidência, ele é chamado como todo homem que vem a este mundo a fazer a experiência do Amor de Deus por ele, já tão amado por suas criaturas. E veio ao mundo no tempo do advento quando a Igreja vive a expectativa da vinda do Senhor, lendo o profeta Isaías que alimenta a esperança de um mundo mais justo e mais fraterno, onde até a natureza vive em harmonia.

Um nascimento é sempre uma afirmação da vida contra os poderes mortais que insistem em desfazer os laços do Espírito que nos unem na grande família humana que se tornou divina porque Deus se fez um de nós. E se ele é um de nós, não ficaremos a mercê dos senhores da morte que matam inocentes, como os Herodes desvairados e sedentos de sangue. Não deixemos as crianças por conta de quem não as quer, mas façamos o que estiver ao nosso alcance para que todas elas saibam que são queridas e amadas.

ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – ADMINISTRADOR APOSTÓLICO DA ARQUIDIOCESE DE MANAUS
JORNAL EM TEMPO

Data de Publicação: 22.12.2019

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