Missão é servir – Artigo publicado em 20.10.2019

A Igreja sempre cumpriu a ordem de Jesus de ir até os confins da terra e fazer discípulos. Provavelmente, há pouquíssimos lugares no mundo onde o Evangelho ainda não foi anunciado, e Cristo não seja conhecido. Nos últimos vinte séculos homens e mulheres das mais diferentes culturas e nações cruzaram mares e oceanos, enfrentaram dificuldades de toda ordem, chegando muitas vezes ao martírio para levar a fé em Jesus de Nazaré, constituído por Deus, Senhor e Cristo. Na maioria das vezes, o sangue dos mártires foi semente de novos cristãos e em muitos povos a perseguição transformou-se em conversão e triunfo da fé. Houve casos em que nações inteiras acompanharam o batismo de seus reis e rainhas e em massa foram acolhidos na Igreja.

Jesus e sua verdade, o Evangelho e seus símbolos, a Igreja e os sacramentos penetraram nas culturas e transformaram a História. O anúncio explícito de Jesus e de sua obra redentora sempre será o objetivo último da missão. Hoje entendemos que este anúncio deve sempre respeitar a liberdade de consciência que é também liberdade religiosa. Se no passado, muitas vezes se impôs a verdade, hoje isto é inadmissível. Missão supõem diálogo, respeito e a convicção de que Deus está presente em todas as culturas e o missionário autêntico está sempre a procura deste Deus que o transcende.

Jesus é o missionário do Pai e, portanto, o modelo de ação missionária. É importante então ver como Ele define a sua missão. E dos ditos de Jesus, o que faz uma síntese é aquele em que afirma: Eu vim para servir. Se missão é anúncio de uma verdade, ela sempre será em primeiro lugar serviço. O ícone do missionário é a cena do lava-pés. O serviço fraterno será sempre o testemunho da nova vida em Cristo. Missionários e missionárias cristãos sempre primaram pelo serviço aos povos aos quais foram enviados. Visitar as missões ao redor do mundo é visitar escolas, hospitais, dispensários, enfermarias, centros de reabilitação e de formação profissional. Hoje os missionários estão nos campos de refugiados e nos países assolados pela guerra. Muitas vezes são os únicos que permanecem ao lado das populações de regiões que são palco da insanidade humana.

A missão é o que constitui a Igreja, a ponto dos missiólogos afirmarem que não é a Igreja que tem uma missão, mas é a missão que tem uma Igreja. Missão aqui entendida como a própria ação de Deus no mudo, criado e redimido por Ele. A missão é a consequência do mandamento do amor. Não é o missionário que decide o seu próximo, mas se faz próximo de todos gastando seu tempo e energia em favor daqueles que estão à beira do caminho. Parte para países distantes não para expandir a cristandade mas para que o amor se manifeste em todos os recantos da terra. Neste ano, o mês de outubro foi declarado pelo Papa um mês extraordinário das missões para comemorar o centenário da encíclica Maximum Illud, do papa Bento XV, na qual, depois da primeira guerra mundial, fica claro que a empresa missionária não pode ser colonialista, mas sim evangelizadora. O sínodo da Amazônia levando a sério esta recomendação deu voz aos povos originários.

ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – ARCEBISPO METROPOLITANO DE MANAUS
JORNAL: EM TEMPO
Data de Publicação: 20.10.2019

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