Finalmente, o Sínodo – Artigo publicado no Jornal Em Tempo de 7/10/2019

Hoje, tem início em Roma o Sínodo Especial para a Pan Amazônia. Com certeza o céu se rejubila e Dom Moacyr Grechi e Antônio Possamai se responsabilizam pela festa. Como teriam gostado de participar deste evento em que a querida Amazônia, que se tornou a paixão de suas vidas estará no centro das atenções da Igreja e do mundo, como eles sonhavam, porque conheciam o povo e a Igreja desta região, e sabiam das constantes violações da vida e das constantes ameaças ao meio ambiente e as populações indígenas, que eles amavam, sem ceder a superficialidades. Também não estarão no Sínodo os bispos eméritos que deram a vida visitando as comunidades ribeirinhas e indígenas, a ponto de serem confundidos com eles. Penso em Dom Gutemberg, de Coari, e Dom Mario Clemente Neto, de Tefé, entre outros.

Mas quem foi se envolveu no processo sinodal e entrou no grande movimento de escuta, que o Sínodo provocou. No final, até uma multinacional gigantesca como a BIC nos procurou para expor suas preocupações quanto ao futuro do Polo Industrial de Manaus e a sua importância para uma ecologia integral. Muitos outros que se empolgaram com o Sínodo deviam estar lá. Mas uma coisa quem foi já percebeu. O Sínodo é uma experiência fantástica de Igreja e como ela funciona. Nunca participei de um evento de Igreja onde a hierarquia é respeitada até nos lugares que os padres sinodais e auditores ocupam na aula sinodal. Diante do Papa, e ele está praticamente todo o tempo, os bispos devem usar a batina filetada, isto é, com as bordas ornamentadas com fios escarlates.

A ordem das falas é muito democrática. Todos têm quatro minutos para ler um texto apresentado ante a secretaria geral. O tempo é restrito e quem não respeita tem simplesmente o som cortado. Nos grupos todos e todas podem falar, mas há regras para apresentar emendas. A universalidade da Igreja é sentida pelos participantes desde o início, quando no refeitório da casa onde está hospedado você se depara partilhando a mesa com um dos patriarcas. Mas há encontros mais simples, quando se descobrem amigos comuns. A presença do Papa é um outro elemento que faz a diferença. Durante três semanas os delegados verão o pontífice quase que todos os dias, poderão tomar um café com sua santidade e colocar o papo em dia.

Embora seja um evento católico, o sínodo atrai a atenção da imprensa mundial e os repórteres procuram os padres sinodais para obter informações privilegiadas. Mas o Sínodo se vive na fé. Conscientes que foram reunidos por iniciativa de Pedro, os padres reforçam a sua fé no Colégio Apostólico, que é responsável pela Evangelização do mundo inteiro. E finalmente sente-se a presença do Espírito Santo, que está objetivamente presente nas deliberações. Nós que participaremos do Sínodo com a oração pedimos: “Senhor, aumenta a nossa fé. A nossa fé na tua presença no meio do povo que respondeu aos apelos do papa. A nossa fé no sacramento da ordem que confere aos bispos a graça de pertencer ao colégio apostólico que com o Papa e sob sua autoridade tem a missão de interpretar o que o Espírito diz às Igrejas. Na companhia de Maria acompanharemos este momento de salvação para a Amazônia e para o mundo”.

ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – ARCEBISPO METROPOLITANO DE MANAUS
JORNAL: EM TEMPO
Data de Publicação: 7.10.2019

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