Ana Beatriz Lima Da Silva, Anderson Silva Dos Santos e David Franklin Da Silva Guimarães
A juventude, de acordo com o Estatuto da Juventude é a faixa etá- ria entre 15 a 29 anos de idade, e é a etapa da vida marcada por decisões, amadurecimento e descobertas. Nesta fase são construídos os sonhos, projetos para o futuro e a consolidação do EU. Porém, os jovens sofrem com inúmeras mazelas sociais, como: a falta de oportunidades, violência, drogas, superficialidade das relações, doutrinação do mercado, entre tantas outras. Em meio a todas as turbulências que perpassam pela fase juvenil, o pro- cesso de evangelização da juventude surge como sinal de vida, esperança, transformação pessoal e comunitária.
De acordo com os dados do IBGE (2010) a juventude representa 31,28% da população total dos setores Rio Solimões e Rio Negro, que representam Igrejas de municípios do interior da Arquidiocese de Manaus e sofre com vários problemas de cunho social, econômico e cultural, como a falta de qualificação profissional local, levando vá- rios jovens a migrarem para a capital, Manaus.
O trabalho com a evangelização da juventude nestes setores vem sendo tecido há muitos anos pelas mãos de religiosos, religiosas, padres, leigos, leigas e principalmente pelo protagonismo juvenil. A distância geográfica, especificidade inerente à Amazônia, é um fator que limita o trabalho com a juventude nesta região, levando a missão da/com/para a juventude a ocorrer de maneira isolada por algum tempo, mas a persistência juvenil em dar continuação ao trabalho de base e a participação incisiva de jovens nas reuniões setoriais levou os setores Rio Solimões e Rio Negro a ter a juventude como prioridade, por meio de investimentos em encontros forma- tivos específicos para os jovens líderes, tendo como escolha metodológica de evangelização a da Pastoral da Juventude.
Os Encontros Setoriais de Juventude proporcionam aos jo- vens a troca de vivências de trabalhos locais, formação cristã e cidadã, amadurecimento no processo de educação na fé e sub- sidiaram os trabalhos de evangelização das Igrejas Locais do setor, além da integração com a Coordenação Arquidiocesana da Pastoral da Juventude. Fruto desse processo foi a criação e consolidação da Equipe de Animação da Juventude do Setor, espaço de representação juvenil das Igrejas Locais que tinha como objetivo pensar e executar ações para fortalecer a evangelização da juventude. Após a divisão do Setor Encontro das Águas em Setor Rio Negro e Rio Solimões, muitas lideranças que participaram desse processo formativo lideram projetos de evangelização da juventude em suas Igrejas Locais.
Um exemplo desse processo foi a criação do grupo de jovens JBUC (Jovens do Baixio Unidos em Cristo), na Comunidade Ribei- rinha de Santa Luzia, na Ilha do Baixio, em Iranduba. Os jovens da comunidade puderam vivenciar a pessoa do Cristo nos seus costumes, tradições e na sua própria relação com o rio Solimões. A vida do grupo oportunizou discutir assuntos ligados a realidade dos/das jovens,como política e sexualidade,mas sem perder o olhar no Cristo Caboclo que sempre que necessário rema para águas mais profundas em busca de novas pescarias para alimentar a vida. Como todas as atividades da comunidade, a vida do grupo de jovens também é regulada pela dinâmica do rio onde, a cada cheia, as atividades são interrompidas,aguardando que no descer das águas a vida do grupo, assim como a fertilidade das terras, possa ser renovada.
Como reflexo de sua evangelização e mística, a juventude aprende a realidade da Igreja e convive com a necessidade de um mundo mais igualitário. O profetismo da juventude também é vivenciado por meio de projetos sociais e comunitários nesse pedaço de chão, nos fazendo lembrar que é necessário ir ao encontro dos mais pobres e necessitados, muitas vezes excluídos do nosso meio. Os setores Rio Negro e Solimões são formados por jovens que carregam em sua essência a luta dos caboclos, ribeirinhos e dos indígenas que, apesar dos banzeiros violentos da vida,continuam a remar indo onde o Bom Pastor os envia.
Em meio a todas as turbulências que perpassam pela fase juvenil, o processo de evangelização da juventude surge como sinal de vida, esperança, transformação pessoal e comunitária. No interior da Arquidiocese de Manaus, o encontro com o Cristo na pessoa dos e das jovens apaixona, anima a caminhada e nos provoca a avançar para águas mais profundas às margens dos rios: Negro e Solimões, respeitando as especificidades locais e continuando a construção desse lindo processo, tecido por diversas mãos.