Homilia – Missa do Crisma / Santos Óleos – Dom Sergio Castriani

Meus irmãos no episcopado,
Caríssimos presbíteros,
Meus irmãos e minhas irmãs,

Neste dia a liturgia nos convida a olhar pra Jesus, o Ungido do Senhor.  Ele é aquele que gerado pelo Espírito no seio de Maria, viveu toda a sua vida conduzido por este mesmo Espírito.

Primeiro a ressuscitar dos mortos, ele é o Alfa e o ômega, o princípio e o fim de toda as coisas. E ele vem com as nuvens e todos um dia o verão, também aqueles que o transpassaram.

E este Jesus nos ama. Um amor redentor, com seu sangue remiu nossos pecados e nos faz participantes de sua consagração.  Ele fez de nós um reino de sacerdotes. Pelo batismo e pelo crisma somos configurados a Cristo para seremos no mundo testemunhas da redenção que ele nos trouxe.

Somos todos sacerdotes do Senhor, chamados ministros do nosso Deus. Somos descendência que está entre as nações, fixados no meio dos povos. Quem nos vê deveria nos reconhecer como descendentes abençoados por Deus porque temos uma boa notícia a ser comunicada aos humilhados da terra. Porque curamos as feridas da alma e porque consolamos todos os que choram. Somos enviados aos empobrecidos.

Por isso, hoje os que foram chamados ao ministério sacerdotal renovam as suas promessas, renunciando a si mesmo e assumindo com alegria os deveres de seu ministério. Renovam o seu amor por todos os seres humanos que nunca deve ser trocado ou diminuído pela ambição dos bens materiais.

Consagraremos nesta missa o óleo dos enfermos. De maneira significativa esta se dá dentro da oração eucarística.  O sofrimento dos enfermos só pode ser compreendido como participação no sofrimento de Jesus. E o final de nossa vida é o encontro definitivo com o nosso Redentor.

Será também consagrado o óleo dos catecúmenos para que eles tenham a força e a sabedoria necessárias a quem quer ser de fato cristão. A vida cristã é sempre uma iniciação. Nunca estamos definitivamente prontos.

Finalmente consagraremos o Crisma, o óleo perfumado. O óleo dos reis, dos sacerdotes e dos profetas.

Vivemos uma semana santa num tempo singular de nossa história humana. A violência que sempre acompanhou a humanidade aumenta a cada dia. Ungidos do Senhor, não podemos permitir que ela nos destrua por dentro, tornando-nos vingativos e ressentidos.

A pobreza crescente no nosso país exige respostas generosas e criativas que levem à solidariedade. Os escândalos que vem à tona nos chamam a responsabilidade política de participarmos ativamente da construção da cidadania.

Queremos ser uma igreja profética no perdão e na reconciliação, no serviço aos mais pobres e excluídos, na denúncia de situações que destroem a dignidade da pessoa humana. Queremos participar da vida política de nosso país. Queremos mostrar que é possível ser honesto e transparente. E queremos começar pelas nossas comunidades.  Num mundo dividido, estamos dispostos a viver em comunhão.

Que Deus continue a abençoar a nossa Igreja de Manaus para que na força do Espírito ela seja sinal do Reino. E que, renovados pela celebração da Páscoa do Senhor, sejamos por toda parte o cheiro bom do Cristo.