Uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta, lê-se no documento de trabalho que serve de base para a reflexão e diálogo no Sínodo que se celebra em Roma. Como sabemos, sínodo significa caminhar juntos. Todos juntos a caminho, deixando-se iluminar e guiar pelo Espírito que fortalece a Igreja e a envia em missão.
Uma Igreja da escuta! Uma escuta como a de Jesus que se encontrou com as pessoas e suas dores, necessidades, angústias e alegrias. Sempre em sintonia com o Pai e o Espírito Santo. Em escutas nas noites em oração e no anúncio, atento a fazer a vontade do Pai!
A escuta do Espírito, escuta da Palavra que desperta para a mesma filiação, para a mesma fraternidade: todos filhos e filhas, todos irmãs e irmãos. Escuta das comunidades, das diversas realidades e culturas; escuta das pessoas que não frequentam as nossas comunidades. Um verdadeiro caminho de escuta.
Nesse caminhar juntos, a escuta possibilita perceber melhor a presença da Igreja, as necessidades maiores das comunidades, os gritos, os sofrimentos, as esperanças. Na escuta, a Igreja se torna visível e palpável. Por isso mesmo, a possibilidade de ser samaritana, misericordiosa, missionária, consoladora, esperançada. A escuta gera comunhão e participação para a missão.
Uma escuta que nasce do silêncio, como recordou o Santo Padre na Vigília celebrada na Praça de São Pedro, no dia 30 de setembro. Silêncio que é abertura, escuta! Um silêncio de não saber, de espera do inesperado. Escuta que torna visível toda realidade: social, ambiental, cultural e eclesial, como apontado em “Querida Amazônia”. Na escuta os pobres se tornam visíveis e tomam a palavra. A escuta possibilita uma Igreja que remete às fontes, profética, envia para ser em saída. É uma espécie de hermenêutica da totalidade. Uma escuta despojada que pode despertar admiração e compaixão.
Uma graça estar na Assembleia Sinodal e perceber os horizontes das igrejas particulares, a encarnação nas diferentes culturas e realidades. Perceber nos depoimentos e testemunhos como o Evangelho é ouvido e vivido nos diferentes Ritos, como também a riqueza da diversidade na comunhão, concedida pelo Espírito Santo. Ouvir a participação dos diversos ministérios e serviços na Igreja, discípulas missionárias e discípulos missionários, percebendo-se a caminho na visibilização do Reino de Deus. Uma responsabilização pela graça recebida no Batismo.
O Sínodo é um exercício de escuta. Uma escuta que conduz ao discernimento, agradece a diversidade, cria a comunhão e envia a todos em missão.
Cardeal Leonardo Steiner
