Na fraternidade e na solidariedade, construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos. De fato, as respostas mais eficazes à pandemia foram aquelas que viram grupos sociais, instituições públicas e privadas, organizações internacionais, unidos para responder ao desafio, deixando de lado interesses particulares. Só a paz que nasce do amor fraterno e desinteressado nos pode ajudar a superar as crises pessoais, sociais e mundiais. (…) Todos precisamos uns dos outros, o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, (…) ninguém pode salvar-se sozinho. (cf. Papa Francisco, Mensagem Dia Mundial da Paz, 2023)
Todos os anos, no primeiro de janeiro, somos acordados para a grandeza e a necessidade da paz. A mensagem nos coloca a caminho da fraternidade. Uma fraternidade na busca da paz! Ao acompanharmos as notícias percebemos quantas guerras, quanta violência, quanta agressão: Etiópia, Peru, Síria, Mianmar, Somália, Congo, Moçambique, Niger, Burkina Faso, Mali, Iêmen, Haiti…; violência crescente nas nossas cidades, no interior. A paz tão desejada e buscada, mas sempre agredida e esquecida!
Paz que nasce da fraternidade. Somos levados hoje, a questionar a confiança que depositamos no progresso, na tecnologia e nos efeitos da globalização excessiva, pois estamos a viver numa intoxicação individualista e idólatra que mina a justiça, a concórdia e a paz. A paz minada pela “desfraternidade”! Juntos promovermos os valores universais, relações que possibilitam o caminho da fraternidade.
Ninguém pode salvar-se sozinho! Nos conflitos e na busca da paz, há necessidade de sentar-se à mesa, de escutar, de dialogar. A incapacidade de escuta, leva a desequilíbrios, a injustiças, à pobreza e à marginalização que acabam em mal-estar, conflitos, gerando violência e guerras. O fechamento em ideologia individualista, segregacionista, com olhos e ouvidos fechados, destroem a fraternidade e vive-se em clima de individualismo, violência, agressão.
A paz nasce da fraternidade, do sermos todos irmãos e irmãs. Paz que é o cuidado uns pelos outros. O cuidado de irmãs e irmãos, desperta o espírito de bem-querer. Existem tensões, incompreensões, diferenças, até, às vezes agressões, mas o ser irmã, o ser irmão refaz os laços, reconduz ao amor gerativo. Nada que não possa aproximar, perdoar, amar. Ninguém pode salvar-se sozinho, mas juntos nas sendas da PAZ.
Juntos encontrar o caminho da paz. E na busca da paz há necessidade da justiça e do perdão. A verdadeira paz é fruto da justiça. Mas, será o perdão a curar as feridas e a restabelecer em profundidade as relações humanas fragmentadas, danificadas, rompidas. O perdão e a justiça estabelecem relações profundas e fecundas, pois não acontece na solidão, mas no encontro. (Papa João Paulo II, Mensagem Dia Mundial da Paz, 2002).
O anúncio da Paz que ouvimos na noite de Natal é uma missão que recebemos da Criança, do Amor de Deus humanado! Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos percorramos a sendas da PAZ!
Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus