“O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expectativa de o encontrar.” (Papa Francisco)
Ficais preparados! É o convite do Evangelho para o tempo do Advento. É importante estar preparados, permanecer vigilantes, pois pode acontecer que Ele venha, nasça e nós não o vejamos, pois permanecemos cegos. Como dizia Santo Agostinho: “tenho medo de que Jesus passe sem me dar conta” (Sermão, 88, 14, 13). O Evangelho a dizer da necessidade da preparação, da atenção para ver as manifestações de Deus em Belém. Às vezes arrastados pelos interesses meramente pessoais, às vezes distraídos por tantas coisas insignificantes, corre-se o risco de perder o essencial, de não ver. Por isso: “estais preparados” (Mt 24, 44). Como se dissesse: vigiai, estais atentos! Ficar preparados!
Velar, pois não se sabe o dia em que o Senhor virá. Vigiar, preparar, é esperar! Não se deixar dominar pelo desânimo, pelas frustrações, mas estar na atenção, em vigília. Viver na esperança da vinda! Como antes de nascer se é esperado por quem ama, assim esperar pelo Amor que está por nascer na humanidade. Tudo passa, só o amor que busca e deseja revelar-se em Belém, não passa.
E como estar preparados, vigilantes? Com a oração. Rezar é acender uma luz na noite. A oração desperta da frieza duma vida superficial, ergue o olhar para o alto: encontro com Deus. A oração permite a Deus estar perto; por isso liberta da solidão e concede esperança. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não se vive sem rezar. A oração: adoração, silêncio diante de Deus, adorar, reverenciar, auscultar, agradecer!
Como estar preparados e vigilantes? Com a vigilância da caridade. Para não cair no sono da indiferença e estar em preparação, entrar na vigilância do amor, da caridade. A caridade é o coração pulsante do discípulo, da discípula, do missionário, da missionária de Jesus. Como não se pode viver sem a pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade. Sentir compaixão, ajudar, cuidar, aproximar-se, servir! Tudo é apenas no amor. É com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor. (Papa Francisco, Homilia, 29/11/20)
Deus é sempre um Deus por vir, está vindo sempre! Um Deus vindouro! O tempo sagrado do Advento a nos indicar a graça de um encontro possível quando no movimento da vinda de Deus. Vem, Senhor e não tardeis mais!
Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus
*artigo publicado no Jornal Em Tempo, 3 e 4/12/2022
