Jesus e o reino – Artigo Cardeal Steiner

“Ele o primogênito de toda a criatura, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as coisas visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas tem nele a sua consistência. (…) Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.” (Cl 1,12-20)
Paulo recorda que Jesus é o centro da história, o fundamento de tudo o que existe. Ele salvou, ofereceu o perdão dos pecados. Os vivos e os mortos estão referidos a Ele. Ele o início e o fim de todas as coisas. Ele reconciliou todo o universo. E tudo na graça da cruz. Ele o rei, pois reina, supera a divisão, a maldade.
Jesus não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus”. Rodeado de dois homens condenados à morte por serem ladrões, rodeado de pessoas que o insultam, de soldados que o escarnecem. Nada que possa identificar com poder, com autoridade, com realeza terrena. Ele da cruz, apresenta um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida; um reino de reconciliação.
Reino de serviço, de amor, de entrega e de vida que no Evangelho é visibilizado no pedido do homem que, como ele, está no infortúnio da crucificação por ser ladrão. Rodeado por dois homens condenados, enquanto um o insulta, representando os que recusam a proposta do Reino, o outro, no suplício da cruz, reconhece a salvação que é Jesus, o seu reinado. Por isso, pede um lugar, pede a salvação: “lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Ouve a graça da salvação: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. A cruz é o trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus. Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega.
A missão de Jesus nessa terra foi inaugurar o Reino de Deus e missão da Igreja é continuar o anúncio do Reino de Deus! Convocar a todos os homens e todas as mulheres para construir aqui na terra o Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da bondade, da fraternidade universal. “Reino, eterno e universal, é o Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”.
Ao ensinar a oração do Pai Nosso incentivou a pedir que seu reino venha, para participar da vida do Reino em plenitude: “venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”. “Venha a nós o vosso Reino!” Convida a fazer parte do Reino, a trabalhar para que esse Reino chegue a todos. Todos participem do Reino da verdade e da graça, da justiça do amor e da paz. Esse é o Reino a ser pedido, implorado, buscado. Nele todos são irmãos e irmãs. Nele reconciliação, fraternidade, dignidade, pois “tudo foi criado por meio dele e para ele… Ele a reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz”.

Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus

*Artigo publicado no Jornal Em Tempo – 19 e 20/11/2022

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