Caminho: fraternidade – Artigo Cardeal Leonardo

“Palavras como liberdade, democracia ou fraternidade esvaziam-se de sentido. Na realidade, «enquanto o nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima que seja e enquanto houver uma pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal». Uma sociedade humana e fraterna é capaz de preocupar-se por garantir, de modo eficiente e estável, que todos sejam acompanhados no percurso da sua vida, não apenas para assegurar as suas necessidades básicas, mas para que possam dar o melhor de si mesmos, ainda que o seu rendimento não seja o melhor, mesmo que sejam lentos, embora a sua eficiência não seja relevante.” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 110)

Passada a eleição, apesar do esvaziamento de sentido, foi possível experimentar a liberdade e perseverar na democracia. Diminuiu a fraternidade! As pessoas que receberam os votos necessários, terão a responsabilidade da liberdade para exercerem democraticamente o mandato em benefício das comunidades, da sociedade. As pessoas que saíram vitoriosas ofereçam sinais de fraternidade, preguem a união. Quem saiu vitorioso foi o Brasil, a democracia. A liturgia política pede mão estendida para que as relações sociais sejam, senão harmônicas, pelo menos respeitosas.

As pessoas que exercerão o Executivo nacional e estadual, bem como o Legislativo nacional e estadual, estão eleitas. O voto é expressão da democracia. O exercício do mandato é a responsabilidade pelo bem de todos. Estar na atenção contínua para que o sistema econômico-social não produza “uma só vítima”, “uma pessoa descartada”. As pessoas eleitas deverão envidar suas energias para acontecer uma sociedade justa e fraterna.
As nossas comunidades, nas diferentes posições políticas, ofereçam o testemunho de que Jesus nos une, que a Palavra de Deus é nossa bebida, a Eucaristia o nosso alimento e a comunidade o lugar de irmãos e irmãs e não adversários, inimigos. O exercício da verdade prevaleça sempre e possamos eliminar as notícias falsas do nosso meio.

Será responsabilidade de todos acompanhar o exercício de quem foi eleito para governador e presidente, os eleitos para deputados/as estaduais e federais e senador. Acompanhar, exigir! Verificar a realização das promessas eleitorais, analisar as políticas públicas a serem implementadas, exigir a prestação de contas dos impostos recolhidos. Exigir respeito e cuidado com nossa Amazônia que está sendo depredada, com os povos indígenas e suas culturas para que permaneçam na sua autonomia. Haja esforço para o aumento de emprego e, por isso, superação da fome.
A liberdade, a democracia, a fraternidade continuem cheias de sentido e orientando as relações.

Vivemos nessa dinâmica na medida em que somos capazes de transcender (ARENDT, H., Sentido da liberdade). Para o cristão significa: na medida em que nos acolhemos como irmãs, irmãos em vista do bem de todos!

Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus

Artigo publicado no Jornal Em Tempo – 5 e 6/11/2022

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