“Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não creem? Ou como haverão de crer se alguém pregue?” (Santo Agostinho)
Ser introduzido no horizonte de uma tradição, de uma cultura. Perceber-se pertencente a um povo, a uma tradição. Receber as tradições, os costumes, as danças, os poemas, as percepções de um povo que possibilitam o sentir-se pertencente, parte. É a possibilidade de viver enraizado, de viver na proximidade da fonte. É o horizonte que se herda, o sentido que se recebe para viver e conviver. É a visão da totalidade que se abre na medida em que vai sendo introduzido na razão de ser. É o crescer e maturar a identidade. Nos povos originários os rituais de iniciação!
Na Igreja católica são os catequistas, as catequistas que oferecem, em nome da comunidade de fé, às crianças, aos jovens e aos adultos a iniciação à vida cristã. Apresentam o horizonte do viver do Evangelho, a beleza de seguir a Jesus Cristo. Indicam o caminho da esperança, do amor, da misericórdia, pois demonstram as possibilidades de viver segundo o amor da Trindade Santa.
Catequese em grego significa a ação de instruir oralmente; fazer ressoar, instruir em voz alta. Assim, fazer chegar aos ouvidos os mistérios da fé, provocando a conversão, uma adesão pessoal sempre maior à Palavra de Deus.
As comunidades cristãs, desde o seu nascer “conheceram uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja. Os carismas, que o Espírito nunca deixou de infundir nos batizados, tomaram em certos momentos uma forma visível e palpável de serviço à comunidade cristã nas suas múltiplas expressões, chegando ao ponto de ser reconhecido como uma diaconia indispensável para a comunidade.” (Papa Francisco, MA)
São as catequistas e os catequistas que despertam as pessoas para conhecer a Jesus como o Senhor, que revela o Pai e comunica seu Espírito. Chamam à conversão, reconciliação, à vida nova, que leva à comunhão com o Pai que faz a todos filhos e irmãos. A catequese faz brotar, pela caridade derramada nos corações frutos de justiça, de perdão, de respeito, de dignidade, de paz no mundo. (Puebla, 352)
São as mulheres e os homens de fé que assumem esse ministério na Igreja, nas comunidades. São esses irmãos e irmãs que ajudam a Igreja a ser fecunda, missionária, samaritana, sinal visível do Reino de Deus. Papa Francisco ao instituir o ministério do catequista, recorda que “é possível reconhecer, dentro da grande tradição carismática do Novo Testamento, a presença concreta de batizados que exerceram o ministério de transmitir, de forma mais orgânica, permanente e associada com as várias circunstâncias da vida, o ensinamento dos apóstolos e dos evangelistas.” (MA)
Despertar para a verdade de Jesus, conhecer a fundo a sua mensagem, deixar-se transformar pela sua vida, morte e ressurreição.
Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus
*Artigo Publicado no Jornal Em Tempo – 13 e 14/8/2022