A Comissão Pastoral da Terra(CPT- AM), realizou na manhã desta quarta-feira (15/06) no Auditório da Maromba – localizado à rua Maromba n. 116 – Chapada, o Lançamento do Caderno de “Conflito no Campo 2021”, na sua da 36ª edição que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.
O evento contou com a participação da Ir. Maria Agostinha de Souza, coordenadora da CPT-AM; Ir. Rose Bertoldo, representando Dom Edson Damian, presidente da CNBB Regional Norte I; Dom José Ionilton (por meio de mensagem virtual), Bispo da Prelazia Itacoatiara e Presidente da CPT Nacional; Tales dos Santos Pinto – CEDOC; Tiago Maiká Muller Schwade- UFAM; Francisco José Borges dos Santos, posseiro agricultor; Luís Xavier Martins, agente da CPT- Canutama e Ronilson Costa, da coordenação Nacional da CPT.
Segundo a publicação, cerca de 6762 pessoas foram impactadas em conflitos por terra e 29.712 pessoas sofreram com a violência desses conflitos no Amazonas, revelando que o estado segue sofrendo as consequências da violência no campo na Amazônia Legal. De acordo com Ronilson, cada estado realiza esse momento de lançamento que é uma oportunidade de dialogar com a sociedade sobre os problemas que afetam os povos que vivem nas florestas, nas águas e no campo
“A situação do Estado do Amazonas é preocupante, pois a cada ano aumenta o número de conflitos e de pessoas envolvidas em situação de conflito, isso se dá por causa do avanço do agronegócio que vem adentrando pelo sul do Estado e também devido a muitas ações de grilagem, pesca ilegal realizadas em áreas de preservação. Isso tudo vem gerando conflitos e mortes e por isso que é importante reunir para refletir, discutir e em busca de alternativas para superar a violência no campo”, disse Ronilson
Alguns dos números destacados nesta publicação está o conflito pela água, tendo o registo de 304 conflitos pela água, envolvendo 56.135 famílias; e o assassinato de sem-terras que aumentou em 350% no intervalo entre os anos de 2020 e 2021. Também houve um aumento de 1.100% nas mortes em consequência de conflitos no campo. Das 109 mortes registradas em 2021, contra 9 registradas em 2020, 101 ocorreram no território Yanomami, em Roraima, em decorrência da ação de garimpeiros.
Além disso, outras violências como Trabalho Escravo tiveram aumento em 2021. O número de resgatados dessa prática mais que dobrou no campo no último ano. Os casos aumentaram 76%. Diante de todas as problemáticas identificadas, a CPT tem reafirmado sua missão de ser uma presença solidária, profética, ecumênica, fraterna e afetiva e presta um serviço educativo e transformador juntos aos povos da terra e das águas. Ela articula iniciativas e acompanha em seus processos coletivos contribuindo nas lutas por direitos, e resistência na terra.