Santarém

Aconteceu em Santarém, Pará, de 6 a 9 deste mês, o encontro da Igreja Católica para celebrar os 50 anos do “Documento de Santarém”. Um texto que marcou a vida evangelizadora, a vida missionária das igrejas particulares de toda a Amazônia.
Na busca de ser uma presença efetiva e evangélica, os bispos reunidos ofereceram às igrejas Linhas Prioritárias. A primeira, “Encarnação na realidade” que parte da conversão ao Verbo encarnado, Deus feito nossa humanidade e fragilidade, Jesus crucificado-ressuscitado. Anunciar Jesus Cristo e o seu Reino nas diferentes realidades: centros urbanos, rurais, novos núcleos, comunidades indígenas, setores marginalizados, áreas de emergência.
A segunda diretriz que o Documento apresenta é a “Evangelização libertadora”. Anúncio sem dicotomia, com harmonia: catequese e liturgia, libertação, pois filha/o de Deus; abordar, falar da dignidade, da liberdade da pessoa humana e família. As linhas prioritárias apresentadas são o horizonte a partir do qual se buscou evangelizar e o modo da evangelização. Evangelização – O estar na ação de mensageiro da bondade, da boa notícia. A ação de oferecer boa notícia.
O Documento de Santarém uniu as igrejas particulares numa caminhada evangelizadora. Ofereceu os elementos fundamentais para que a Igreja estivesse encarnada na Amazônia: dinâmica de comunidades de base, formação dos leigos, opção pelos povos indígenas, fortalecimento dos Institutos de Formação.
Lendo o Documento Final do Sínodo para a Pan-Amazônia e a carta Querida Amazônia, de Papa Francisco, percebe-se a grandeza, a beleza e a dinâmica nascida em Santarém. A Igreja compreendeu o momento histórico e buscou o modo e os meios de anunciar e viver o Evangelho.
Com “Querida Amazônia”, Papa Francisco visibiliza a realidade do viver e o caminho a seguir. Os quatro sonhos a leitura que nos oferece. “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos.” (QA, nº 7)
O Sínodo, como o Documento de Santarém, oferece a oportunidade de uma Igreja encarnada, libertadora, levando à integração de todas as dimensões da vida. Como Santarém indicou o caminho do futuro, o Sínodo será expressão da caminhada e expressão do futuro de nossa Igreja.

Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus

Publicado no Jornal Em Tempo, 11 e 12 de junho de 2022

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