É essa graça que Jesus, no meio do medo, do fechamento, no meio do “sem horizonte”, deseja aos discípulos. Ele sopra sobre eles e diz: Recebei o Espírito Santo.
No meio do medo, dizia o texto no início do evangelho, “no anoitecer”. Jesus morrera, desaparecera, crucificado fora, desapareceu. O mestre sumiu e se fizera a fizera noite na vida desses irmãos e irmãs.
Sem lugar para ir, sem lugar para permanecer, sem caminho para percorrer. Anoitecera. E na noite é que o senhor se apresenta e diz: Recebei o Espírito Santo.
Estavam estes homens fechados, portas trancadas, janelas trancadas, estavam apavorados com medo. No meio do medo, no meio da noite que Jesus se apresenta como vida nova e diz: Recebei o Espírito Santo.
É que ele soprou sobre eles o espírito, o espírito novo. O espírito novo, que na primeira leitura, em Atos dos Apóstolos, veio dito como um vento. É que esse evento abre porta. Esse vento abre janelas. Um vento impetuoso, mas não destruidor. Porque é um vento Renovador.
Agora se respira Liberdade porque é o Espírito da Liberdade, que agora entra e abre. Agora, podem percorrer o mundo. Agora não tem medo dos impérios, não tem medo da destruição, não tem medo dos ataques, não tem medo da violência, porque impelidos, tomados, purificados pelo vento impetuoso do espírito.
Não só. Ouvíamos também atos que esse espírito que Jesus dera aos discípulos, que soprara sobre eles, desce em formas de línguas de fogo. E os nossos grandes pensadores, os nossos grandes meditadores da palavra de Deus, na história da igreja, sempre nos têm dito que eram as a línguas do amor. A incandescência do amor. Um amor que aquece, um amor que transforma, mas um amor que envia, um amor que sai, um amor que não se amedronta mais.
Sim, línguas de fogo foram repousar sobre cada um deles. Mais do que repousar sobre cada um deles, lhes penetrou o coração.
Um espírito extraordinário. Um espírito transformador da liberdade, mas um espírito amoroso, um espírito acolhedor, um espírito cheio de perdão, como ouvimos no texto do Evangelho “a quem perdoardes os pecados”. É que o Amor, perdoa sempre. O amor não destrói, o amor não agride, o amor constrói, aproxima. É por isso que Jesus ao soprar sobre eles diz: “A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados”. Quem recebe o dom do Espírito, os 7 dons do Espírito, será incapaz de não perdoar, porque é tomado e tomada pelo amor.
Papa Francisco, ao falar no dia de Pentecostes, na sua homilia, ele dizia que o espírito que nós recebemos e que os apóstolos receberam era um espírito de amor, o espírito da Liberdade, o espírito da paz. A paz esteja conosco. Mas dizia também “é um espírito consolador”.
É verdade, o espírito consola, o espírito não afasta, o espírito que repousa e sobre cada um de nós é o espírito do consolo. Mas nos envia como amor, como consolo, como liberdade e como paz.
Esse espírito do consolo é o espírito da proximidade, o espírito que sabe acolher, o espírito, que sabe confortar, o espírito que sabe dizer uma palavra de consolo, uma palavra de amor.
Mas ele dizia mais. Ele dizia que o espírito é um bom advogado. O advogado, naquele tempo não era o advogado de hoje. O advogado de hoje fala em nome e aquele que está sendo condenado não abre a boca.
E dizia o Papa Francisco: no tempo de Jesus, o advogado era aquele que estava sentado ao lado e que ia ajudando a dizer, a argumentar. Não era ele que falava. Quem falava era aquele que tinha sido apontado.
E ele dizia que o Espírito Santo sempre está ao nosso lado a nos aconselhar, a nos dizer, a nos iluminar, a nos indicar o Palavra e nos conceder palavras. Não para nos defendermos, mas para falar a verdade.
Então, nesta tarde e noite que aqui nos encontramos, queremos nós também pedir a Deus a graça de sempre estarmos abertos à graça e a força do Espírito Santo, assim como os apóstolos depois de terem recebido o Espírito Santo, o espírito do amor, o espírito da liberdade, o espírito da paz, o espírito da consolação, do advogado. Eles começaram a falar línguas, uma linguagem que todo mundo entende. Quem não entende a linguagem do amor? Quem não entende a linguagem da paz?
E nós estamos necessitados, aqui na nossa cidade, nas nossas comunidades, do espírito da paz.
Quanta violência. Quanta agressão. E o espírito que repousa sobre cada um de nós e que invadiu o nosso coração com o seu amor a nos dizer: Anuncia a paz. Seja a presença de paz, seja presença de amor, seja a presença de reconciliação, seja a presença de liberdade e de consolo.
Que Deus nos dê a graça de permanecemos sempre com o espírito do nosso lado, a guiar os nossos pensamentos e os nossos desejos, os nossos amores, os nossos passos. E que as nossas comunidades se abram cada vez mais à força do Espírito Santo.
Nós que estamos na caminhada sinodal, vamos participar sob a força e à luz do Espírito Santo, para que a nossa igreja seja viva, seja uma igreja que testemunha a verdade, que testemunha a paz. Sejamos uma igreja que mostre quem foi Jesus e que viva Jesus, mas sob a força, a graça, a suavidade do Espírito Santo.