Com o título “Mensagem ao Povo Brasileiro”, os bispos católicos do Brasil entregaram uma palavra de esperança e de futuro. Ressaltam a solidariedade e o cuidado no tempo da pandemia, agradecem a tantos profissionais que souberam dar sua vida, se solidarizam com as famílias dos mais de 660.000 mortos, destacam a importância do SUS como importante e eficaz proteção social. Agradecem também às famílias e agentes educativos que estiveram atentos e possibilitaram educação às crianças, adolescentes e adultos no tempo pandêmico mais grave.
Pode-se ler que “a grave crise sanitária encontrou o nosso País envolto numa complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política, que já nos desafiava bem antes da pandemia, escancarando a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. A COVID-19, antes de ser responsável, acentuou todas essas crises, potencializando-as, especialmente na vida dos mais pobres e marginalizados.”
O Brasil não vai bem! A Mensagem destaca que a fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, apesar do Brasil ser o segundo maior exportador de alimentos no mundo. Também insiste sobre os criminosos descuidos para com a Terra, nossa casa comum. Aponta a existência de um sistema voraz de “exploração e degradação”, da dilapidação dos ecossistemas, do desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. lamenta a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e a apresentação de projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum.
Os bispos manifestam, também, preocupação com o clima de tensão e violência que se vive no campo e nas cidades. Apontam a violência com a “liberação e o avanço da mineração em terras indígenas e em outros territórios, a flexibilização da posse e do porte de armas, a legalização do jogo de azar, o feminicídio e a repulsa aos pobres”.
Essa realidade, essas desestruturações, não contribuem para um Brasil mais fraterno, justo, dialogal, de paz. Somos convidados a crescer na civilização do amor e a superar o que impede e fere a fraternidade universal.
A Mensagem termina com um agradecimento, um convite e a benção: “Agradecemos os muitos gestos de solidariedade de nossas comunidades, por ocasião da pandemia e dos desastres ambientais. Encorajamos as organizações e os movimentos sociais a continuarem se unindo em mutirão pela vida, especialmente por terra, teto e trabalho. Convidamos a todos, irmãos e irmãs, particularmente a juventude, a deixarem-se guiar pela esperança e pelo desejo de uma sociedade justa e fraterna. Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, obtenha de Deus as bênçãos para todos nós.”
Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus
Artigo Publicado no Jornal Em Tempo – Edição de 30/4 e 1/5/2022