“Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus. ‘Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova’.” (Mc 1,13). O Reino da verdade e da graça, da justiça, do amor e da paz! O Reino que liberta, pois nos oferece a graça da filiação divina, da fraternidade em Cristo Jesus.
O cristão pelo batismo foi revestido do novo Reino, de um novo espírito que o torna aprendiz, discípulo caminhante pelas vias da Boa Nova. É anunciador, proclamador, missionário de Jesus, o novo Reino: novo céu e nova terra (Ap 21,1). Testemunha de novo horizonte, novo sentido; a vida com novo horizonte!
Mulheres e homens que vivem de Cristo. Ele a indicar, mostrar o caminho da fraternidade, do direito e da justiça. Nascer, renascer em Cristo, maturar n’Ele; chegar à plenitude da comunhão como Ele! Voltados para Ele, vivendo d’Ele partilhar a sua vida e a própria santidade (Hb 12,12). Santidade no serviço solidário aos irmãos e irmãs e a toda a obra criada. Por Ele atraído, enviados como anunciadores do mundo novo. Serviço transformativo e construtivo de novas relações que possibilitem a participação de todos na construção de uma sociedade fraterna baseada no direto e na justiça (Is 1,27).
Para percebe-se sempre mais discípulo/a de Jesus são oferecidos exercícios no tempo da quaresma: jejum, esmola e oração. São os exercícios físico-espirituais para deixar-se tomar pelo seguimento de Jesus Cristo. Jejum: esvaziamento, expropriação, concentração, libertação! Tudo para que seja um em Cristo (cf Gl 3,28) e Cristo seja formado em nele (cf Gl 4,19). O jejum receptividade da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Despertar para a
fome de Deus e a disponibilidade de saciar a fome dos irmãos e irmãs. Esmola: partilha, misericórdia, solidariedade, cuidado, entrega! Vida do evangelho, partilhada! O amor, a misericórdia saída ao encontro do outro; esmola, a dinâmica do amor de Deus: encontro! A esmola nasce da alegria de ter encontrado o tesouro escondido a pérola preciosa (Mt 13,44-46). Oração: a escuta e a meditação despertam para a oração. A escuta e a meditação se fazem
palavra, prece, oração. Oração como necessidade do coração de transformar em palavras asmanifestações amorosas de Deus. Jejum, esmola e oração despertam para a sensibilidade do tempo que está sempre por completar-se e repleto de Deus. Movimento de mudança, de transformação para atingir a plenitude da vida em Cristo. Os exercícios quaresmais como caminho da fraternidade.
Cantamos: “Eis o tempo de conversão. Eis o dia da salvação. Ao Pai voltemos, juntos andemos. Eis o tempo da conversão. Ele guia ao bom caminho quem errou e quer voltar. Ele é bom fiel e justo, Ele busca e vem salvar.” Deus sempre a buscar, porque ama; a oferecer a salvação, porque ama. Tempo de conversão, pois necessidade de mudança pessoal, comunitária, social e ambiental. A necessidade de uma integração e harmonia na casa comum, na sociedade, na comunidade, na vida pessoal. Viver do Reino da verdade e da graça, da justiça, do amor e da paz!
Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus