Foi realizado, na manhã de 23 de março, um gesto concreto junto a Pastoral do Povo da Rua. Os seminaristas da Arquidiocese de Manaus estiveram na sede da pastoral, no Centro de Acolhida do Povo da Rua Dom Sergio Eduardo Castriani, situada na parte de trás da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, no centro histórico de Manaus. Padre Hudson Ribeiro, Pároco da Catedral e colaborador da pastoral, juntamente com outros colaboradores, iniciaram o encontro nos apresentando um panorama geral sobre o que é a pastoral, o que ela faz, como se dá a captação de recursos, quais são os dias de atendimento e como se dá essa assistência no dia a dia.
A Pastoral do Povo da Rua realizou serviços de assistência as pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social mesmo antes de ter como sede o centro de acolhida. Agora, com a sede da pastoral, fica “mais fácil para dar assistência, pois dispomos de banheiros, maquinas de lavar roupa, material de higiene pessoal e uma cozinha onde podem ser preparadas as refeições que serão distribuídas”, disse padre Hudson.
Os seminaristas tiveram a oportunidade de ouvir alguns testemunhos, entre eles o da transexual, indígena e ex-moradora de rua Tikuna Kulina que, atualmente, atua diretamente na causa. Em seu discurso, Kulina relata que, uma vez ex-moradora da rua, não pode ser indiferente aos irmãos que ainda se encontram nesta situação; “na rua, há muita violência e quem mais sofre são as mulheres, os homossexuais e os transexuais”. Kulina também relatou uma negativa experiência de violência, em que ela foi atacada enquanto dormia no banco de uma praça, por um homem “que se achou no direito” de beijá-la.
Após o almoço, houve a preparação dos lanches que seriam distribuídos posteriormente. Os presentes reuniram aqueles que estavam na praça e iniciaram o ofício divino das comunidades que foi conduzido pelos seminaristas Michel Carlos e Ângelo Assis. Em seguida, iniciaram a distribuição de aproximadamente 300 lanches no total. Primeiramente na Praça dos Remédios, depois na Praça da Matriz, depois no viaduto Dom Jackson e também aos Warao, imigrantes Vanezuelanos que estão situados próximos a rua Silva Ramos.
“Ecoa nos nossos ouvidos o apelo do Santo Padre, o Papa Francisco: ‘precisamos de uma Igreja Livre, simples, sempre em saída’. Experiência vivida é experiencia partilhada. Essa foi a minha primeira experiencia com a pastoral do povo da rua. Pude conhecer, a partir dos testemunhos ouvidos, a realidade daqueles que cuidam e se dedicam no cuidado com o outro; oferecer um pouco do próprio tempo é ato de amor. Todo isso me fez lembrar a campanha da fraternidade de 2020 ‘viu, sentiu compaixão e cuidou dele’ (Lc 10, 33-34)”, relatou o seminarista Rolisson Afonso (3º ano de Filosofia)
Por Luiz Fernando Levati Pereira
Seminarista da Arquidiocese de Manaus