Ad-vento – Artigo Dom Leonardo Steiner – Jornal Em Tempo – 27 e 28.11.2021

Iniciamos o caminho do advento, que culminará no Natal. O ad-vento é um por-vir, que é ad-vir, sempre um vir ao encontro. O Senhor veio e se tornou a presença inefável na nossa humanidade e fragilidade. A crença de que o Senhor já chegou e já nos visitou, chegou e se fez morada em nosso meio, nos dá a disposição da preparação e de meditarmos o significado da hora inesperada da chegada de Deus. A visitação de Deus, o encontro com a vida que Jesus nos conquistou.

São Paulo nos indica o caminho: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher (…) e todos recebemos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá, Pai!” (Gl 4,4). O envio do Filho é a visibilização do quanto somos amadas, amados. O Advento desperta para a admiração do cuidado de Deus para conosco. Uma preparação, uma disponibilidade para deixar-se atingir pela benevolência e benignidade de Deus na Criança de Belém.

O Advento renova o convite a viver à espera de Jesus, a aguardar a sua vinda, a manter-nos numa atitude de disponibilidade e liberdade para o encontro com Deus na nossa humanidade! Disponibilidade e liberdade que possibilitam uma vigilância benévola para nos prepararmos com alegria para o mistério do Natal. Somos convidados a nos voltarmos vigilantes em oração e exultantes no louvor, àquele que vem. (cf. Prefácio do Advento II).

Nesse sentido o Evangelho exorta a prestar atenção e a vigiar, a fim de estarmos prontos para acolher Jesus quando Ele chegar. Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo; vigiai, para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo (cf. Mc 13, 33-37). Pessoas atentas que, em meio às atividades e agitações, não se deixam tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vivem na atenção e no serviço para com os outros.

No caminhar para Belém vamos percebendo as necessidades, os desconfortos, as lágrimas das pessoas que nos rodeiam, mas também nos apercebemos da riqueza do conviver, das qualidades e das capacidades pessoais e espirituais daqueles com que convivemos. O caminho de Belém, no advir de Deus, oferece um olhar de compreensão para reconhecer as misérias e as pobrezas da nossa sociedade, as riquezas e as belezas da humanidade. Aquela atenção que aceita o convite de estar na atenção benevolente, cheia de esperança e consolo.

Nascer de Deus é que concede sentido ao Natal. Tudo mais, papai Noel, enfeites, presentes, não tem a força e gratuidade do nascer de Deus. Por isso, é uma preparação cheia de alegria! Na preparação deixarmo-nos encontrar por Cristo, a sentir no coração uma serenidade e uma alegria que ninguém e nenhuma situação podem tirar. No Advento estamos na busca da verdade, da paz, da alegria, que nasce do encontro.

Ele está por-vir; Deus vindouro! Ad-vento!

Dom Leonardo Steiner

Arcebispo de Manaus

 

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