Missa de 7° dia em Cacau Pirêra marca a despedida ao Pe. Humberto Guidotti, um exemplo de missionário no mundo

Por: Ivânia Vieira, jornalista e amiga

CACAU PIRERA (Iranduba – Amazonas). Domingo (17), fieis do Distrito de Iranduba, a um quilômetro de Manaus, aguardavam, do lado de fora e dentro da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, a missa começar. Internamente, Pe. José Cândido Cocaveli de Andrade, diocesano, e membros da equipe de liturgia preparavam o ambiente e preparavam-se para a celebração, iniciada às 19h30.

Na noite de domingo, o preparar a missa tinha um sentido a mais: homenagear Pe. Humberto Guidotti, 80, falecido no dia 11, em Pistóia, Itália. Guidotti foi o primeiro pároco da Área Missionária Nossa Senhora Aparecida, no Cacau Pirera onde chegara, jovem, em 1974 e ali permaneceu até 1990.

Outubro é o mês das missões. Pe. Humberto Guidotti um exemplo de missionário no mundo, da Amazônia, no Maranhão e em Moçambique. Nele, o chamado “não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20) ganhou expressão de concretude na existência do missionário Humberto Guidotti.

“Pe. Humberto entregou a nós a sua juventude e colocou-se a serviço de todos, mas sobretudo dos mais desvalidos e neste lugar que não era município, Iranduba”, disse Pe. Cândido, pároco da Área Missionária Nossa Senhora Aparecida.

Na homília, Pe. Cândido percorreu a vida de Guidotti a partir de fragmentos da história do sacerdote mais de 30 anos da vida aos povos pobres, aos sem direito e aos ameaçados da Amazônia e do Nordeste a partir do Maranhão. Lembrou o dia em que conheceu Pe. Humberto, em um dos seminários “O Brasil que queremos são outros 500”, no ano 2000, na gigantesca articulação dos movimentos populares, indígenas, negro e de mulheres em torno dos 500 anos da ocupação portuguesa do País.

“Depois eu o vi no alto de um caminhão, numa das manifestações, na Praça do Congresso, com aquela voz forte e disse ‘esse padre é doido’. Mas, os doidos se cruzam, se encontram (…). Pe. Humberto era um missionário, um profeta, uma dessas vozes que ecoava e incomodava muitas pessoas. Chamava à responsabilidade porque se um outro mundo é possível tem que ser a partir dos pobres, dos excluídos (…).

Se a trajetória de nossas vidas tem que ser a trajetória dos discípulos de Jesus, temos que conhecer os trajetos percorridos, disse o pároco do Cacau Pirera ao pontuar a caminhada de Guidotti nessa direção. Lembrou que quando a Igreja é atacada, como o foi e o é neste momento, bem como a CNBB e o Papa Francisco, é porque “a Igreja está no trilho certo”. Citou D. Helder Câmara quando disse que “há aqueles que têm que vomitar para comer enquanto muitos não têm o que comer. Agradeceu à Igreja de Pistóia que enviou Pe. Humberto e a Pe. Umberto que “se deu por completo e voltou para casa, doente, ficou recluso na casa dos doentes. “Que do Céu, Pe. Humberto continue a nos inspirar para que continuemos a sonhar e realizar sonhos”.

PARTICIPAÇÃO                                                                                

A nova igreja da Área Missionária Nossa Senhora Aparecida é ampla, bonita, agradável. A igrejinha, ao lado, onde tudo começou, ficou submersa na cheia dos rios Negro e Solimões, será um memorial. Na Igreja nova, algumas práticas: representantes de todas as faixas etárias participam da celebração da missa. Mulheres da comunidade, idosas, são ministras da comunhão, jovens e adolescentes cantam e fazem as leituras da palavra. Os jovens cantadores enchem o espaço de boniteza cantada. Pe. Humberto, um cantador e pregador de reconhecida qualidade, sorrir com jeito de gratidão. A missa encerrou com a mensagem do que é ser “cidadão do infinito”.

 

 

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