Relato de uma religiosa sobre a experiência de participar do Despertar Missionário

O Despertar missionário foi um evento que ocorreu nos dias 21 e 22 de agosto, promovido pelo Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) da Arquidiocese de Manaus reunindo missionários leigos e religiosos com o objetivo de ser presença de evangelização missionária em nossa vida como missão e ajudar a fortalecer a Igreja em saída e sinodal, sobretudo nas comunidades localizadas em regiões ribeirinhas, muitas vezes castigadas pela enchentes e esquecidas pelas autoridades, tendo apenas a igreja como forma de apoio e conforto. Acompanhe abaixo o “diário de bordo” da Irmã Rosiene Gomes, uma das missionárias que esteve presente e relata com detalhes a sensação de viver uma experiência única, onde se pode perceber a presença de Deus em todos os momentos, seja na natureza ou nas pessoas que mesmo com suas dificuldades, nunca perdem a fé em Cristo Jesus.

Acolhendo com muita alegria e entusiasmo o chamado de Jesus Cristo, para o Despertar Missionário, na paróquia Nsa. Sra. Do Perpétuo Socorro, no Careiro da Várzea, partilho com vocês um pouco da experiência vivida, na comunidade São Francisco do Lago do Pacova.

 Para esta missão estava escalada Natália da comunidade Santo Expedito e eu, porém a companheira de viagem desistiu um dia antes. Então com o programa em mãos, tentei me organizar de forma que pudesse realizar, o que havia sido proposto pela equipe do despertar missionário.

Saí do Porto da Manaus Moderna, no dia 21 de agosto, sábado às 9:30 na lancha ANS Costa e cheguei à comunidade de São Francisco, às 10:15. O Sr. Ney, esposo de dona Simara, coordenadora da comunidade, veio me buscar de voadeira na lancha e me levou até a casa de seu Teté e dona Francilene, onde fui muito bem acolhida e nessa família também fiquei hospedada.

Depois de percorrer o igarapé do Pacova, logo me deparei com a comunidade que ainda estava inundada pelas águas devido a enchente neste período do ano. E logo comecei a me perguntar: E agora, missionária, o que vais fazer? Será que vai ter alguém para te ajudar? Ou será que vais ter que dar teu jeito? E mais uma vez Deus não me deixou a sozinha. E ainda com os questionamentos na cabeça, de repente ouço o que eu queria ouvir naquele momento; pois o mesmo senhor que foi me buscar na lancha, me disse: “irmã, a hora que a senhora quiser ir visitar as famílias é só me dizer que eu vou lhe acompanhar”. Ufa! Que alívio! Fiquei tão contente e agradeci de coração a disponibilidade dele.

Em seguida dona Francilene com muita delicadeza me serviu uma merenda deliciosa e me disse que o almoço seria às 12h. Assim que terminei de merendar disse ao sr. Ney que se ele não se importasse, poderíamos começar a visitar algumas famílias antes do almoço e ele concordou e saímos para as visitas. O Sr. Ney trouxe também a sua filhinha de 4 anos, muito esperta e grande cantora, pois ela me ajudava a sustentar os cantos na hora da bênção das casas.

Enquanto íamos de uma casa a outra, seu Ney me deu algumas informações sobre a comunidade. A comunidade São Francisco do Lago do Pacova, existe há mais de 40 anos. Atualmente possui 22 famílias, 17 famílias são próximas umas das outras e 5 estão aos arredores. Os moradores vivem da pesca, da criação de gado e do plantio de verduras. Na comunidade não tem posto de saúde e a escola de ensino fundamental fica distante da comunidade. Os jovens dão continuidade aos estudos, na comunidade de São Sebastião onde há a possibilidade de cursarem o ensino médio.

A comunidade de São Francisco do lago do Pacova, está mais próxima de Manaus do que da sede do município, e os moradores vem a Manaus com mais frequência do que no Careiro. Quando visitei a primeira casa, me disseram que todos estavam esperando a visita e ao mesmo tempo me perguntaram se daria tempo de visitar todas as casas, nesse final de semana e eu respondi que iria fazer de tudo para alcançar todas.

Conseguimos visitar 5 casas antes do almoço, em cada casa procurava não me alongar para dar tempo de visitar todas. Depois retornamos para casa, almoçamos e das 14 às 18h, conseguimos visitar 12 casas. O que favoreceu as visitas, foi a organização das famílias, pois na comunidade, algumas casas são interligadas pelas pontes, então onde tinham 3 ou 4 casas nesse estilo, as famílias se reuniam numa das casas, fazíamos o momento de oração e da bênção das famílias juntas e em seguida, me dirigia à casa delas para dar a bênção da casa. Eu gostei dessa organização, pois só assim foi possível alcançar a todas.

Às 19h, encerramos o dia com a oração do Terço na capela, com a participação das famílias. O terço foi rezado à luz de velas, e na companhia dos carapanãs, com a imagem linda da lua que brilhava no céu, enfeitando ainda mais o nosso cenário. Terminando as atividades voltei para a casa de dona Francilene, um pouco cansada, mas feliz, muito feliz. Depois de um delicioso banho e um saboroso jantar, fui preparar-me para o dia seguinte, em seguida cai no sono e acordei ao som do belo coral dos passarinhos, que estavam debaixo do assoalho da casa, dando boas-vindas ao novo dia.

 Levantei-me e preparei-me para dar continuidade às atividades. Depois do café, o jovem Fabrício, filho do casal onde eu estava hospedada levou-me até a capela da comunidade, para esperar o momento da celebração da Palavra. E para a minha alegria, vi que já havia secado bastante a água e uma parte do piso do centro ao lado da capela, já estava seco, então fiquei esperando o povo chega. Depois de mais ou menos 30 minutos, começaram a chegar.

Às 8:10h iniciamos a Celebração da Palavra. Após a Celebração, as pessoas trouxeram garrafas com água para eu dar a benção, e outros vieram perguntar-me se eu também podia benzer alguns santinhos e objetos e aí para deixá-los, contentes eu disse: ‘Quem tiver seus objetos para benzer podem trazer até o altar que eu irei dar a bênção’, imediatamente trouxeram, santinhos, crucifixos, medalhas, terços e eu dei a bênção. Em seguida, tentamos responder o questionário comunitário da “Escuta Sinodal “ com um pouco de dificuldade, porque eles não tinham o material em mãos e estavam por fora de tudo, mas mesmo assim tentamos respondê-lo.

Depois de respondermos o questionário, nos despedimos e algumas pessoas, queriam conversar um pouco e eu fiquei para escutá-las e às 12h voltei para a casa de dona Francilene para o almoço. Após o almoço, fui dar a bênção às 5 casas que faltavam e graças a Deus, conseguimos alcançar todas as casas e todas as famílias ficaram contentes.

Às 14h50, o senhor Ney, veio me buscar para esperar a lancha que iria passar num outro lugar, chamado Curari. Me despedi da família onde fui muito bem acolhida e fomos para o Curari e a lancha chegou às 15h30. Às 16h30, cheguei em Manaus. E agradeço imensamente ao COMIDI, por essa oportunidade, tão enriquecedora que fortalece e faz reavivar a paixão missionária presente em nós missionárias e missionários. Que Deus faça crescer em nós o desejo de ir às fronteiras que nos desafiam, ao encontro dos mais pequeninos.

Com gratidão:

Irmã Rosiene Gomes de Freitas

Missionária da Imaculada – PIME

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