Acolher os migrantes e refugiados tem sido uma prioridade para a Igreja de Manaus e no 23 de março deu um passo a mais com a inauguração da Casa de Acolhida Beato João Batista Scalabrini, um espaço que foi reformado no último ano e que será coordenado padre Marco Antônio Alves Ribeiro, religioso scalabriniano, junto com a Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus.
O espaço que foi abençoado por Dom Leonardo Ulrich Steiner é fruto de um projeto do Consulado do Japão em Manaus e o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) , que contou com a mediação da Cáritas Arquidiocesana. O padre José Alcimar Souza de Araújo, destacou a importância de ter uma casa com mais cômodos e com maior aconchego de acolhida daqueles que estão chegando, algo que também foi enfatizado pelo diácono Afonso de Oliveira Brito.
O espaço hoje inaugurado está destinado principalmente a migrantes venezuelanos em trânsito. Manaus é um dos lugares com maior número de migrantes venezuelanos no Brasil, que na maioria entram no país através da fronteira de Pacaraima. Muitos deles estão a caminho para outros lugares do Brasil. Tanto o Diretor Vice-presidente como o Diretor Executivo da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, agradeciam ao governo japonês pela ajuda, que oferece a possibilidade de acolher os migrantes e refugiados.
“A Igreja católica tem sido a instituição religiosa mais preocupada e atuante na questão da migração em Manaus”, afirmava o vice-presidente da Cáritas, padre Alcimar Araújo, algo que começou com a chegada dos haitianos, mais de dez anos atrás, a quem só a Igreja católica ajudou. Nos últimos anos tem acontecido a chegada dos venezuelanos, com um número muito maior, que tem contado com a parceria de outras instituições. Ele ainda afirmou que “é muito importante que estejamos unidos nesse trabalho”, o que faz possível “que os migrantes que chegam no Brasil tenham a possibilidade de serem acolhidos e também serem encaminhados para soluções duradouras”.
Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, afirmou que “essa casa é uma casa muito importante, uma casa desejada” e ao abençoar o espaço, destacou que a bênção pretende fazer possível “que esse espaço seja um espaço de acolhimento, mas também o espaço da inserção social”. O arcebispo insistiu em não esquecer de dizer “aos nossos irmãos, que estão peregrinando em busca de casas de inserção social, não esqueçamos de dizer a eles que o Reino de Deus está próximo”. Para Dom Leonardo, “esta casa é um pouco sinal da presença do Reino de Deus no meio de nós. Quando nós nos colocamos sempre ao serviço do acolhimento, somos sempre sinais do Reino de Deus”.
Em representação do Consulado do Japão se fez presente Heiko Nakamura, Consul Geral Adjunta em Manaus. Ela destacava a parceria de várias instituições para poder minimizar os sofrimentos dos migrantes. Segundo a diplomata, “o apoio aos refugiados venezuelanos é uma questão importante, pela qual as diversas entidades devem unir suas forças”. O projeto, financiado pelo governo japonês, responde, segundo Nakamura, “ao desejo do povo japonês de participar do esforço de solucionar as necessidades básicas em países amigos”. Ela disse esperar que “a Casa do Migrante continue apoiando por longos anos famílias, mulheres, homens e crianças, que necessitem proteção, dando-lhes apoio para que possam estabelecer uma vida digna e estável”.
Catarina Sampaio, que representou o escritório da ACNUR em Manaus, que é uma das entidades parceiras do projeto, agradecia às instituições que tem ajudado para fazer realidade esta Casa do Migrante, destacando que “seu trabalho com a comunidade refugiada e migrante é extremamente importante para que essas pessoas acertem direitos e serviços aqui no Brasil, um país modelo na recepção de pessoas que precisam urgentemente de proteção internacional”.
Padre Marco Antônio Alves Ribeiro, também agradeceu às instituições parceiras da Casa, sobretudo porque permite aos religiosos sclabrinianos “poder estarmos aqui exercendo nosso carisma, que é o cuidado do migrante”. A través de uma mensagem, o padre Valdecir Molinari, que foi um dos grandes impulsores da casa e que recentemente foi destinado a uma nova missão, pedia “que Deus abençoe todos aqueles que acreditam na importância de continuar lutando para que todos os migrantes tenham a oportunidade de ser bem acolhidos”. O religioso scalabriniano disse ter “certeza de que essa obra, ela vai proporcionar alegria para muitos que passarão por essa casa e sentirão o quanto são queridos e amados”.
Por Padre Luis Modino – Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB – AM/RR
Sobre o abrigo
O Abrigo Beato João Batista Scalabrini está localizado à Rua José Tadros, 658, bairro Santo Antônio. Com a reforma o local aumentará sua capacidade de atendimento de migrantes e refugiados em trânsito em Manaus. A obra foi iniciada em abril de 2020 e consistiu na ampliação e reforma da cozinha, acréscimo do piso superior construção de quatro apartamentos, banheiros e área livre; acréscimo de uma sala com dois compartimentos para abrigar a administração, ampliação do estacionamento e a implantação do sistema de captação de energia solar, dando autonomia de energia para o centro e contribuindo para o meio ambiente com energia limpa. O consulado do Japão e a Acnur contribuíram também com a mobília no espaço ampliado (ar-condicionado, ventiladores, beliches, colchões, fogão, geladeira, mesas cadeiras, baldes, etc).
Fotos: Hiolanda Mendes