Sant’Ana, a tradição e a devoção que ainda resistem…

“Com SantAnna construiremos o reinado de Jesus Cristo”, esse foi o tema dos Festejos de Santa Ana, marcado pelo translado que a imagem da Santa Fez da Capela da Santa Casa, até a paróquia de São Sebastião, realizado na tarde desta segunda-feira (27/07) e que finalizou com a celebração presidida pelo pároco, Frei Paulo Xavier, com a presença de poucos fiéis. Confira abaixo um trecho da homília proclamada por Frei Paulo durante a celebração.

“A devoção a Sant’Ana é uma das mais antigas tradições católicas. Sendo assim, também carrega uma grande popularidade entre os fiéis. Por ser mãe da Mãe de Jesus, a Sant’Ana se atribuem vários privilégios, sendo um deles o de conseguir favores celestes diferentemente dos demais santos, que pedem por “súplica. Dizem que Sant’Ana pede por “império”, ou seja, por ser avó Daquele que realiza todos os prodígios, basta um pedido para que Deus conceda a graça desejada. No Brasil essa devoção se difundiu principalmente no período colonial, onde o garbo e esplendor do barroco fizeram esculpir imagens que se imortalizaram e até hoje ornam os altares mais belos do país.

No Amazonas, mesmo sem ter grande legado artístico colonial, ainda assim a tradição por devoção a Sant’Ana se faz presente. A primeira capela dedicada a ela no Estado foi construída em 1744, em Barcelos, pelos frades carmelitas. Na diocese de Coari é uma das padroeiras, ao lado de São Sebastião, tendo grande festa e destaque no interior. Em Manaus, o que nos últimos anos tem ficado na memória de todos os amazonenses, que passam em frente e lamentam, é o prédio da Santa Casa de Misericórdia, um colosso que abrigava o mais antigo e célebre de nossos hospitais, que permaneceu por muitos anos aos cuidados das Filhas de Sant’Ana.

Ao lado do prédio, um singelo e harmonioso templo se destaca pela arquitetura neogótica, tão peculiar do início dos anos 20, sendo esta capela dedicada à santa que gerou a Mãe de Jesus. Sabemos que o prédio da Santa Casa, apesar de leiloado, está em ruínas, e o mesmo se pode dizer da capelinha. No entanto, o que não podemos afirmar é que a devoção a Sant’Ana apresenta o mesmo aspecto! Por força da tradição, do amor à religião e acima de tudo da piedade popular, quando andamos pelas casas do centro da cidade ainda encontramos devotos e devotas de Sant’Ana, sobretudo os mais idosos, alguns guardando imagens que se configuram como verdadeira jóia da arte sacra em seus lares, e que lembram ainda Sant’Ana como padroeira dos avós.

Mesmo em meio à dificuldade, o pároco da Paróquia de São Sebastião e seus fiéis, nos últimos dois anos, têm se movimentado para que a capelinha seja restaurada e a dignidade volte a habitar aquele templo, que ao longo das gerações trouxe conforto espiritual para tantas famílias e está na alma do povo amazonense. Em julho, o resgate das festividades de Sant’Ana tem reacendido a devoção dos mais antigos, encantado os mais novos e engajado aqueles que tem compromisso com o resgate da memória do patrimônio cultural, histórico e, especialmente, religioso de nossa cidade. No último dia de Sant’Ana, mesmo com o fechamento das atividades da capela por conta da restauração, os fieis mais uma vez se reuniram em torno da pequenina e belíssima imagem emprestada dos frades capuchinhos, comprada pelo lendário Frei Fulgêncio Monacelli na Itália em 1952, visto que a imagem original da Santa Casa encontra-se nas mãos da Secretaria de Cultura do Estado para restauro, após ter sido quebrada em um atentado.

Que essa fé perdure e que a mãe da Mãe de Jesus Cristo interceda pelo restauro da Santa Casa, sua capela, a fé e as tradições que lutam para resistir!”

Texto colaboração: Frei Paulo Xavier

Fotos: Alexandre Ribeiro

  

 

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