Sínodo para a Amazônia: Novos caminhos para uma maior presença e acompanhamento eclesial ao povo ribeirinho

Pe. Luis Miguel Modino

Dentre as populações tradicionais que habitam a Amazônia, um dos grupos mais significativos é o dos ribeirinhos. Constituídos muitas vezes por descendentes de indígenas e migrantes chegados na Amazônia, foram se misturando e se estabelecendo nas margens dos rios e igarapés da região.
A fonte de sobrevivência principal do povo ribeirinho é o próprio rio, de onde tiram seu sustento principal, o peixe. Isso se complementa com pequenas roças e atividades extrativistas e de caça no meio da floresta que tradicional- mente tem garantindo sua sobrevivência. Atualmente, o artesanato tem se tornado mais uma fonte de renda para o povo ribeirinho.
Como acontece com outras populações tradicionais, os povos ribeirinhos sofrem as consequências do desenvolvi- mento predatório, como reconhece o Documento Preparatório do Sínodo para a Amazônia, onde diz que esses povos são “expulsos pela mineração ilegal e legal ou pela indústria de extração petroleira; são encurralados pela expansão da exploração da madeira e representam os mais flagelados pelos conflitos agrários e socioambientais”.
De fato, os ribeirinhos são vítimas da poluição, cada vez mais presente nos rios da Amazônia, do assoreamento e da erosão, que está determinando negativamente a vida do dia a dia desses povos. Muitas vezes, a única saída que encontram as populações ribeirinhas é a migração para as cidades onde, na maioria dos casos, passam a engrossar os bolsões de pobreza das periferias, uma realidade cada vez mais preocupante diante da falta de políticas públicas que garantam mínimas condições de vida para o povo.
Na vida eclesial das populações ribeirinhas sempre teve especial destaque a religiosidade popular. Muitas comunidades surgiram em torno à devoção a um santo, fazendo com que as festas dos padroeiros se tornassem momentos de especial relevância na vida do povo. Junto com isso, a pouca presença sacerdotal tem motivado que as comunidades sejam acompanhadas pelos leigos, que reúnem o povo para rezar o terço, ladainhas e outras manifestações da religiosidade popular. Outra realidade que não podemos deixar de lado é a maior presença de igrejas evangélicas entre a população ribeirinha, uma situação que deve levar a uma reflexão sobre as causas e consequências disso.
O Sínodo para a Amazônia deve ser uma oportunidade para a Igreja refletir sobre os novos caminhos que ajudem a uma maior presença eclesial nas comunidades, especialmente no campo da formação de lideranças, que possam garantir um melhor acompanhamento por parte dos ministros leigos. Além disso, ver como fazer realidade uma maior presença da celebração eucarística nessas comunidades, muitas vezes re- duzida a momentos pontuais.

 

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