Festa de Pentecostes – Homilia do Arcebispo Metropolitano, Dom Sergio Castriani

“Pedimos o Espírito, não só para a Igreja, mas para toda a terra, todas as sociedades humanas. E ele vem, agindo nos corações e mentes. E ele fala todas as línguas, está em todas as culturas, faz brotar o bem em situações inimagináveis.


 

Senhores bispos,

Reverendos presbíteros e diáconos,

Povo de Deus que sois o Corpo de Cristo no mundo,

Feliz Pentecostes!

“Guardai o direito, praticai a justiça, pois minha salvação está para chegar, e minha vitória vai se revelar”. Este versículo do livro do profeta Isaías no qual ele anuncia a vinda do Messias que vai restaurar a criação, inspirou o lema da nossa festa. O mesmo profeta que compôs este outro texto maravilhoso, um dos mais belos de toda a literatura universal: “Levanta-te, brilha, pois chegou tua luz. Vê, as trevas cobrem a terra, a escuridão os povos; mas sobre ti amanhecera o Senhor, sua glória aparecerá sobre ti. Então o verás, radiante de alegria, teu coração se maravilhará, se dilatará…”

Esta profecia se realizou no dia de Pentecostes, e hoje se renova aqui quando a Igreja se reúne para louvar o seu Senhor, para cantar o canto novo, para agradecer, pedir perdão e se comprometer com o Reino de Deus. Na força do Espírito somos um povo livre que sabe de onde vem, conhece a sua dignidade, e quer permanecer unido num só coração e uma só alma. A nossa alegria é imensa e vem de Deus. Ninguém pode tirá-la, ela é fruto da certeza que temos que um dia o direito e a justiça triunfarão porque Deus assim o quer e porque o pecado foi vencido na cruz quando Deus o ressuscitou e o constituiu Senhor e Messias.

Nos alegra ver a juventude que conserva a Igreja num estado de renovação constante e a leva para águas mais profundas. O nosso coração exulta ao ver pessoas que acreditam na vida comunitária e dão tudo de si na construção de comunidades vivas e atuantes. E bom ver aqui catequistas, ministros, voluntários, missionários e missionárias, seminaristas, e todos dando um testemunho de amor a Igreja. É Pentecostes, é tempo de alegria e de júbilo no Senhor.

O Espírito, Pai dos pobres ilumina esta noite e a noite escura da vida, quando as certezas desaparecem, quando a dor incomoda, quando as relações pessoais apodrecem, ele vem como brisa suave ou como fogo abrasador. Pai dos pobres, nosso pai. Doce alívio, quando o consolo humano não é suficiente, quando esgotamos toda a nossa capacidade de reagir e nos desesperamos. Nada de bom há em nós que não venha dele. Só ele pode lavar a sujeira da alma e fazer reviver quem está morto.

A Igreja, sua obra maior neste mundo, anseia pelos seus dons para viver o grande dom da paz. Paz que é vida em abundância. Queremos paz nas nossas famílias, nas nossas comunidades, nos nossos bairros, na cidade, no estado, no país, no mundo. Acolhemos os migrantes vítimas da fome e da perseguição. Queremos sair da lógica da vingança e do encarceramento como único caminho para lidar com quem errou. Recusamos acreditar num sistema que só leva à morte. Queremos uma sociedade onde os direitos sociais não sejam deixados de lado quando está em jogo privilégios que fazem da distribuição de renda uma vergonha nacional.

Pedimos o Espírito, não só para a Igreja, mas para toda a terra, todas as sociedades humanas. E ele vem, agindo nos corações e mentes. E ele fala todas as línguas, está em todas as culturas, faz brotar o bem em situações inimagináveis.

Quando a política se torna serviço ao povo, quando o poder significa busca de soluções para os mais pobres, aí está agindo o Espírito de Deus. O político cristão não é o que defende os direitos da Igreja, mas aquele que se faz voz dos pequenos e excluídos, defendendo os direitos humanos e os direitos constitucionais, conquistados a duras penas.

Pentecostes é fraternidade, fruto do Espírito. A Campanha da Fraternidade deste ano nos fez olhar os mecanismos e as estruturas de poder que possibilitam ações concretas em favor dos pequenos e pobres, que são as políticas públicas. Se quisermos ser fiéis às inspirações do Espírito que nos faz ver a situação precária em que vive a nossa gente, temos que participar da elaboração e execução das políticas públicas, isto é, fazer política. Não tenham medo. Sejam prudentes e ousados, conforme a sabedoria que é dom do Espírito vos inspirar. Não abandonem as comunidades que são o lugar privilegiado da ação de Deus no mundo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo !

 

Dom Sergio Eduardo Castriani

Arcebispo de Manaus

 

 

 

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