Pe.Geraldo Bendaham
A identificação de Jesus com a fileira dos marginalizados, em Mateus 25, torna-se para os cristãos um imperativo evangélico: todas as vezes que realizar alguma coisa aos pequeninos é a mim que o fizestes (Cf Mt 25,40 ). Je- sus dá nome às categorias sociais que viviam excluídas pelo Império Romano e rejeitadas pelos religiosos do seu tempo: tem fome, sede, doentes, estrangeiros, na prisão e sem roupa.
Estas pessoas eram consideradas total- mente impuras. São pessoas em situação de extrema pobreza, que não têm mais forças para lutar, pois suas mentes estavam conformadas com sua realidade de submissão, introjetadas pelas lideranças religiosas e políticas da época que os deixavam cegos e paralíticos param rea- gir. Jesus se identifica com estas pessoas, for- mando com elas um único corpo: o que fizerem a elas estão fazendo a mim (CfMt 25,40).
De qualquer modo, cuidar com amor das pessoas, especialmente dos pobres, é critério para salvação eterna (Cf Mt 25, 46).
Hoje a fileira dos marginalizados cresceu e aumentou para números alarmantes. Destaca-
-se o grupo dos imigrantes venezuelanos que entram no Brasil, fugindo do regime ditatorial do governo da Venezuela que não oferece nem comida para seu povo. Por isso, não há outro caminho a não ser migrar para região cada vez mais longe de sua casa em busca de comida.
O fluxo de pessoas da Venezuela é muito grande, tanto em Roraima como em Manaus. Mas existem também muitas pessoas voluntárias ajudando e colaborando para que o sofrimento humano seja amenizado, acolhendo afetivamente as famílias que entram no Brasil. Apesar da ajuda humanitária da Igreja Católica e outros grupos que também acolhem os migrantes, mesmo assim não é suficiente, pois o número de pessoas desa- brigadas que estão morando em barracas ou pedindo nas principais avenidas da cidade de Manaus continua crescendo.
O risco de se tornarem pedintes, vítimas do tráfico ou cair na prostituição é muito grande. Sabe-se que existem venezuelanos obrigados a vender drogas para traficantes na Praça da Saudade, em Manaus. Então, não sabemos até quando vai durar esta dura realidade na Venezuela. Talvez permaneça por anos! De qualquer modo, o Evangelho de Jesus nos impele a realizar a caridade com os migrantes. Não se pode ficar assistindo famílias com crianças nas ruas pedindo comida e não fazer nada.
Talvez as paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que ainda não acolheram os imigrantes venezuelanos, possam tomar a decisão de fazer esta experiência evangélica:“todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. (Mt 25,39).