Discípula do Divino Mestre Irmã Cidinha Batista
Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, conjuga quatro verbos (acolher, proteger, promover e integrar) para dar uma resposta comum e articulada para o desafio dos migrantes e refugiados. São pessoas atribuladas por perseguições, catástrofes naturais, pobreza e miséria que os expulsam de suas terras, culturas e famílias.
Como acolher? A acolhida antes de ser uma tarefa é uma atitude que brota do coração. Somos chamados a ser pessoas de Acolhida nas condições normais da nossa vida, a partir daquilo que somos e daquilo que fazemos.
A atitude da acolhida sempre esteve presente nos ensinamentos de Jesus e nas primeiras comunidades. A melhor maneira de descobrirmos isso é o contato com os textos bíblicos. A palavra de Deus ilumina nossos passos e a palavra da Igreja também orienta, com abertura e sensibilidade se- guindo o princípio da liberdade cristã. Essa atitude está alicerçada no respeito e realiza-se mediante o diálogo aberto, que valoriza a experiência do outro e o ajuda na sua busca, sem julgar, sem condenar, nem impor.
A forma de atuação da Igreja junto aos migrantes é através das pastorais, fundamentadas nos princípios do Evangelho e das comunidades dos primeiros cristãos. A Igreja como instrumento da construção do Reino de Deus que se constitui de pessoas, de raças, religião e culturas diferentes deve privilegiar o espírito de acolhida. Por falar nisso, como acolhemos os migrantes em nossas celebrações? Que atuação eles têm? Sabemos que existem grupos de migrantes em diferentes pontos de nossa cidade; sabemos que em alguns lugares eles celebram em sua própria língua, com suas danças, de acordo com sua cultura etc. Mas, quando eles vêm para as nossas comunidades, ainda não sabemos como acolhê-los, como dar espaço para que eles participem ativamente. Temos consciência que ainda há preconceitos por parte de muitos agentes que, por falta de conhecimento da cultura e da expressão de fé do outro, por medo do “novo” acabam se distanciando, isolando e ficando indiferente à realidade do migrante que acaba se sentido excluído dos nossos espaços celebrativos.
Existem também boas e louváveis iniciativas de acolhida; equipes de liturgia que promovem a participação e integração de pessoas de outras culturas nas celebrações da comunidade, seja na proclamação da Palavra, nas preces, em outras ações rituais. Precisamos nos conscientizar de que nossa liturgia precisa ser mais acolhedora e que acolher é cuidar. Cuidar é trazer para dentro, dar proteção, liberdade, sentido mais profundo e atingir a essência da pessoa. Essa atitude desconhece preconceitos e acomodação. Provoca a atitude mais completa que o amor requer. Também significa amar. E amar com os sentimentos de Jesus é um exercício constante. Acolher nos coloca no caminho da conversão. É integrar, é dividir, para assim, multiplicar.
Com boas práticas de integração iremos construindo um mundo mais fraterno e solidário, uma cidadania universal que, respeitando as identidades culturais e nacionais, forjará uma família humana mais unida, pacífica e acolhedora. Que Jesus, o migrante do céu e o peregrino de todas as estradas, abençoe e proteja nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados.