Frei Paolo Braghini e os desafios da missão no Alto Solimões junto às comunidades Ticunas

Nascido em um vilarejo na Itália próximo da Suiça, Frei Paolo Maria Braghini, dos Frades Menores dos Capuchinhos do Amazonas e Roraima, chegou ao Amazonas há 13 anos, mas ficou pouco tempo em Manaus, pois seguiu diretamente para uma aldeia Ticuna chamada Belém do Solimões, localizada próximo da tríplice fronteira (Brasil – Peru – Colômbia) e que atualmente possui 72 comunidades indígenas catalogadas, a maioria delas pelo Frei e os outros frades que vivem em fraternidade.

É nesta aldeia que está situada a paróquia São Francisco de Assis, a única paróquia totalmente indígena do Alto Solimões e onde Frei Paolo realiza seu trabalho missionário desde 2006. “No inicio foi meio difícil, cheguei sem falar uma palavra em português, mas eles (os Ticunas) são um povo muito acolhedor, generoso e aos poucos fui me adaptando e hoje em dia nem sinto mais falta da cidade. Nosso trabalho é muito importante nessa que é a maior aldeia da região, chegando a abranger três municípios (Tabatinga, Benjamin Constant e São Paulo de Olivença) e que possui cerca de 4 mil pessoas”, disse o Frei.

Nessa aldeia, localizada dentro da área indígena Ewaré, está o maior foco de evangelização dos missionários que é a juventude, pois segundo o Frei, muitos se envolvem com álcool, drogas fato que acaba resultando em suicídios, violência, prostituição, perca de identidade e, consequentemente, a fuga para as grandes cidades. “A juventude é um dos maiores desafios e às vezes pela falta de perspectivas, acabam se entregando ao vício. Mas nós, frades capuchinhos estamos lutando ao lado deles para que não percam seus valores, sua cultura e sua própria vida. Procuramos evangelizar não apenas por meio da palavra de Deus, mas também por meio do esporte, teatro, música e tudo mais que atraia a atenção deles”, explicou.

Outro grande desafio, de acordo com o frei, é de trabalhar a evangelização inculturada, pois em virtude da presença de outras igrejas, os indígenas acabam deixando de lado seus ritos, sua tradição. “O maior desafio da igreja é viver uma evangelização que alcance o coração desse povo sem precisar fazer com que larguem sua cultura. Fizemos um resgate cultural muito bonito, fazendo os indígenas cantar e rezar na própria língua e reavivar essa riqueza que eles têm para repassar para as crianças e jovens. Mas infelizmente a presença de algumas igrejas de outras religiões acabam fazendo um retrocesso ao não permitir que rituais indígenas (como o rito da moça nova) sejam realizados e isso é dificulta a evolução do nosso trabalho, pois nosso objetivo é formar vocações indígenas, como catequistas, dirigentes e missionários”, comentou o frei.

Descoberta da vocação

Segundo o frei, a vocação foi uma descoberta dolorida, pois teve que deixar tudo: namorada, família, bem-estar, terra natal, para iniciar uma caminhada vocacional, a principio no Pontifício Instituto das Missões ao Exterior (PIME), mas a certeza do chamado mesmo aconteceu em Assis, onde a paixão foi imediata após conhecer um frei que retornava da missão na Amazônia após 20 anos.

“Tinha uma inquietação que não me deixava em paz, um chamado à missão junto aos mais pobres e após conversar com a minha namorada e conhecer o Frei Higino eu não hesitei mais. Me formei no Centro Itália e em 2006 fui enviado para a Amazônia, para trabalhar em Belém do Solimões, única paróquia totalmente indígena do Alto Solimões, nem fiquei em Manaus, fui direto para a aldeia de mala e cuia”, disse o Frei sorrindo.

Fotos colaboração: Blog Belém do Solimões

 

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