São Sebastião

A festa de São Sebastião cai num domingo em que a liturgia da Palavra nos faz ver que Deus tem um caso de amor com Israel. O profeta que sabe disto não se cala, não se cansa de lembrar ao povo este amor que se mostra na justiça. Uma terra abandonada será chamada de predileta e bem casada com o Senhor que se agradou dela, como um homem se agrada de uma mulher. E assim como a mulher é alegria do marido, o povo é a alegria de Deus. O nosso Deus é um Deus apaixonado pela sua criatura. Não há outra realidade humana mais próxima do amor de Deus que o casamento. Como no casamento a amor de Deus é exclusivo e fiel. É fonte de alegria e de sentimentos bons. É aberto à vida e ao futuro. Leva o amado a dizer o vosso amor vale mais do que a vida. Feliz o povo que experimenta este amor. A Igreja é o novo povo de Deus, a nova Sião. Nela experimentamos este amor que arrebata, que transforma. Ser Igreja é viver a alegria de fazer parte de um povo que se relaciona de maneira esponsal com o Senhor.
No Evangelho de hoje, Jesus realiza o seu primeiro sinal numa festa de casamento. Não poderia existir um ambiente melhor para acontecer esta terceira Epifania do Senhor. A primeira foi a manifestação do Senhor às Nações, na pessoa dos Magos. A segunda foi o seu Batismo. Em Caná da Galileia, numa festa de gente pobre, que comprou pouco vinho para os convidados, correndo o risco de estragar a festa e ver a alegria transformada em vergonha. Mas a presença de Jesus garantiu que a festa terminasse muito bem. Transformando a água em vinho, Jesus instaura a Nova Aliança que será definitiva. O casamento em Caná da Galileia é figura de todo casamento, mas é sobretudo figura do novo relacionamento que Deus tem com seu povo.
Na vida e na história, hoje vemos situações de abandono. A casa comum está sendo profanada. O povo de Deus vive em péssimas condições, a noiva está mal vestida para as núpcias. Os profetas denunciam a profanação da natureza e a exploração sem dó e nem pena dos recursos naturais. Mudanças no clima são sinais de alerta para grandes tragédias. Mas ainda há esperança por causa da fidelidade divina. Há pessoas que vivem segundo o Espírito, colocando os dons que receberam a serviço de todos. Hoje são os defensores do meio ambiente que com suas vidas e seu comportamento acendem luzes e tochas que iluminam a escuridão. São homens e mulheres que vivem pela fé.
No Império Romano a prepotência levou à perseguição dos cristãos. O Povo de Deus foi perseguido e ameaçado. As núpcias do Cordeiro foram banhadas no sangue dos mártires. Entre eles militares de elite. Um destes foi Sebastiao que deu a vida para dar testemunho de sua fé em Jesus Cristo. Para Ele o amor de Deus valia mais que a vida. Depois de sua morte, sua vida como semente deu frutos, e até hoje ele é invocado como protetor e amigo de homens e mulheres que se sentem atribulados, perseguidos pela doença e pela dor. Num canto antigo se pede a ele que livre o povo da peste. Que hoje ele nos livre da peste da destruição da Amazônia e da indiferença frente à destruição. Que a Igreja, Povo de Deus, reunida em Sínodo seja uma esposa fiel e não traia o seu Amado abandonando a Casa Comum à sanha dos predadores.

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