Uma comitiva de muçulmanos fez uma doação em dinheiro para a comunidade católica de Manaus, neste sábado (9), após a Igreja de São Sebastião ser furtada. O ato de solidariedade foi apresentado ao arcebispo da cidade, Dom Sérgio Castriani, na casa onde mora, no Centro da capital. O valor deve ser usado para ajudar a repor material furtado.

De acordo com o diretor do Centro Islâmico do Amazonas, Walid Saleh, a comunidade está no mês sagrado de Ramadã. Durante o período, os muçulmanos ficam em período de jejum, do nascer ao pôr do sol, além de intensificar atos de solidariedade, como forma de sentir a dor do próximo.
“O que nos trouxe aqui foi um gesto de solidariedade com nossos irmãos e vizinhos. Infelizmente, eles tiveram uma invasão na casa de Deus. A dor deles é a nossa dor. Isto não poderia passar despercebido pela comunidade islâmica. É um sentimento ruim que sentem”, disse Saleh.
O líder religioso da Mesquita do Centro Islâmico de Manaus, Sheikh Mohammad Hussein, esteve presente na casa do arcebispo. Ele foi o responsável por entregar a doação da comunidade muçulmana a Dom Sergio Castriani.
“O Centro Islâmico tomou conhecimento do que aconteceu com os irmãos da Igreja de São Sebastião. Viemos então colocar em prática um ensinamento do Alcorão, que é a mensagem da paz. A real mensagem do islamismo é a divulgação da mensagem da paz. Ela acontece com a solidariedade e fraternidade. Isto que buscamos fazer aqui hoje”, comentou.

Durante a conversa, o arcebispo de Manaus se mostrou feliz com a atitude feita pela comitiva de muçulmanos. Para ele, os filhos de Deus são todos iguais, independente de religião. Ele afirmou ainda que um ato como este mostra que as religiões devem se unir por bens maiores.
“É um sinal de solidariedade de uma realidade maior e mais profunda. A nossa condição humana. Os filhos de Deus, criados por Deus são todos iguais. Religião não separa, ela nos une: Deus e os homens. A misericórdia é sentir o que o outro sente. Deus é misericordioso e tivemos um sinal deste hoje”, afirmou Castriani.
Ainda conforme o arcebispo, o valor recebido como doação deve servir para ajudar a repor o material roubado. Mesmo com isso, ele lamentou uma perca simbólica com o crime ocorrido na Igreja de São Sebastião, que, segundo ele, foi profanada. “O prejuízo simbólico foi muito maior que o prejuízo material”, finalizou Dom Sérgio Castriani.
Por Patrick Marques, G1 AM
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