Dom Mário Antônio fala sobre a atuação da igreja junto aos imigrantes venezuelanos

A situação dos imigrantes venezuelanos em Roraima foi o assunto do Meeting Point da manhã desta terça-feira, 17 de abril, durante a 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP). O tema foi tratado por dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima (RR). Dom Mário recordou aos jornalistas que a chegada de imigrantes vindos da Venezuela é uma realidade constante no Estado desde 2015, mas no início deste ano o fluxo imigratório se intensificou.

De acordo com informações da Polícia Federal, mais de 52 mil pessoas vindas da Venezuela se encontram no Brasil, a maior parte em Roraima. Só na capital, Boa Vista, existem cerca de 40 mil imigrantes, o que representa mais de 10% da população da cidade. “É claro que a vinda dos migrantes é um direito. O imigrante não é um invasor, mas um novo habitante em nossas cidades, em nosso Estado e em nossa nação”, afirmou o bispo, acrescentando que essas pessoas deixam sua terra em busca de uma vida melhor.

Tendo em vista a realidade social, política e econômica da Venezuela, esses imigrantes chegam a Roraima necessitados de alimento, vestimenta, abrigo e trabalho. “Nós já temos cinco abrigos, com cerca de 800 pessoas cada. Há também uma força tarefa organizada pelo Exército, que prevê a construção de mais nove abrigos. Mas são necessárias a construção de 12 a 15 novos abrigos para abrigar a população que atualmente está nas praças e ruas da capital”, informou dom Mário.

A urgência da construção de abrigos se deve também à chegada da temporada de chuvas na região. “Nos últimos dois dias, a chuva atingiu os imigrantes que estão nas praças e ruas”.

Trabalho da Igreja

O bispo informou, ainda, que a Igreja Católica em Roraima, em união com outras comunidades cristãs, instituições e organismos nacionais e internacionais, tem trabalhado em rede para minimizar o sofrimento dos venezuelanos que chegam ao Estado. A força tarefa do Exército tem se empenhado em promover a interiorização dos imigrantes em outros estados brasileiros. “Esperamos que essa interiorização se realize com respeito aos direitos do imigrante e à sua dignidade como pessoa, proporcionando saúde, segurança, além de trabalho e alimento”.

“Independentemente das causas, internas ou externas, é inegável a crise humanitária, a situação de desnutrição que chegam homens, mulheres, jovens, crianças e idosos que vêm da Venezuela até Roraima”, alertou dom Mário.

A Igreja em Roraima tem recebido muito apoio de dioceses, paróquias, comunidades e congregações e organismos eclesiais de todo o Brasil. “Essa rede de apoio que tem tornado possível o nosso trabalho feito em favor dos venezuelanos”, afirmou o bispo. “Ao lado desse trabalho, a nossa incidência junto aos nossos governantes, ações coordenadas que possam gerar conforto às necessidades dos imigrantes e, ao mesmo tempo, promover o bem comum da população local”, acrescentou. Segundo ele, é perceptível que aquilo que já era precário na região para os brasileiros se tornou mais evidente, especialmente na área da saúde.

“Queremos acolher e reconhecer que os imigrantes venezuelanos são nossos irmãos, novos habitantes em nossas cidades, e que eles, como lembra o Papa Francisco, não são um perito, mas estão em perigo quando políticas públicas migratórias não são eficientes e, sobretudo, quando nossos governantes”, completou.

Fonte: site CNBB

Foto: Divulgação

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