Missionários e missionária

Mais uma vez a Igreja celebra o domingo das Missões. Aqui em Manaus já há alguns anos fazemos uma caminhada missionária em que participam sobretudo os grupos que fazem a animação missionária nas paróquias, áreas missionárias e comunidades.  Os mais animados são os da Infância e Adolescência Missionária. Mas sempre estão presentes as novas comunidades, os movimentos, a Pastoral da Juventude e o povo das comunidades. É uma caminhada diferente das procissões devocionais. A intenção é dar testemunho da convicção que temos de que a Igreja é missionária, e que a missão é fonte de alegria.

Logo no início alguns missionários contam a sua vida. São missionários que saíram da sua terra natal e deixaram a sua Igreja de origem e foram viver em outros países, encontrando culturas diferentes das suas. Vivendo entre povos diferentes aprenderam outras línguas, e às vezes mais de uma. Para alguns esta experiência foi um nascer de novo, tão difícil como um parto. Mas todos dizem que foram evangelizar e acabaram sendo evangelizados, pensavam estar levando Deus e o encontraram esperando por eles. E quase sem exceção fizeram a experiência de serem acolhidos. Nenhum deixou de ser estrangeiro, mas todos se sentiram irmão adotivos e do coração nas comunidades que serviram. Longe de perder a própria identidade o encontro com religiões diferentes os tornou mais conscientes da própria experiência religiosa. Viram com os próprios olhos e sentiram com o coração que a dor e a alegria são experiências humanas universais e que nos aproximam. Fizeram refeição com os pobres da terra, dormiram nas suas casas, usaram o seu meio de transporte, e alguns tiveram a graça de sofrer as humilhações dos pequenos nas embaixadas, ao passar as fronteiras e ao enfrentar a polícia de imigração. Sentiram na pele o que é ser diferente.

São estes homens e estas mulheres que levam a Igreja adiante vivendo em primeira pessoa o mandamento do amor como Jesus viveu e anunciando o reinado de Deus até os confins da terra. Se houve tempo em que havia países que enviavam e países que recebiam, hoje a missão vai em todos os sentidos tornando-se um grande movimento de comunhão entre Igrejas e povos. A nossa Igreja da Amazônia que recebeu e continua a receber missionários também os envia. Eles estão na França, na Estônia, no Quênia, em países asiáticos e latino americanos entre outros. Eles são leigos, solteiros e casados, são religiosos e religiosas, e alguns são padres.

Embora toda a Igreja seja missionária e toda ação eclesial autêntica é missão, a missão “ad gentes” é sempre um paradigma. É o anúncio do Evangelho pelo serviço desinteressado, pelo testemunho de vida, pelo encontro e diálogo com o diferente e pelo anúncio explícito de Jesus Salvador até os confins da terra que constitui a missão. Com um santo orgulho podemos dizer que somos uma Igreja missionária. Veneramos os que vieram e admiramos os que partiram. Eles nos ensinam a ser uma Igreja em saída, até que o Senhor volte para o que é seu e que os seus o recebam.

SERGIO EDUARDO CASTRIANI – Arcebispo Metropolitano de Manaus

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