O convite

Nestes dias de festas juninas recebi um convite de casamento. Estávamos na véspera do dia dos namorados. Convite simples mas de extremo bom gosto. Quase artesanal, passava a sensação de ser único e intransferível. Totalmente branco, parecia afirmar a pureza dos sentimentos de dois jovens que acreditam no amor. No amor vivido como dom de Deus e realizado como sinal da união entre este mesmo Deus e a Humanidade. Nenhuma realidade humana manifesta de forma tão eloquente a vida divina como o amor entre um homem e uma mulher vivido na fidelidade e na fecundidade ao longo de toda vida.

Deus ao criar a pessoa humana, criou-a masculina e feminina e assim a fez a sua imagem e semelhança. Por isso, não há nada que se aproxime mais da divindade do que o assumir livremente a vida a dois quando cada um assume a doação total da própria vida e da liberdade individual a um outro que está fazendo o mesmo por ele. Esta doação reciproca é de rara beleza. Feliz de quem tem o privilégio de viver esta benção que vem desde os tempos ancestrais e que nem o pecado destruiu.

O casal que mandou o convite tem a beleza da juventude que será perenizada na beleza do amor, quando os anos vierem pôr fim aos encantos juvenis, mas que encontrando a paixão transformá-la-á em oblação generosa e cheia de alegria. Os jovens que se casam acreditam no futuro e a esperança os levam a assumir um compromisso definitivo. Sabem os riscos que correm, mas desejam conscientemente viver na fidelidade duradoura até o fim de suas vidas. O fato de convidar os amigos demonstra claramente o seu desejo de partilhar a sua alegria com as pessoas que os amam e são amadas por eles. O amor é contagiante e se recusa a ficar limitado entre quatro paredes. O seu casamento é um ato público para a sociedade e para a comunidade de fé da qual participam. A Igreja que através do ministro e das testemunhas vai legitimar a união dos dois expressa no consentimento, também vai pedir a benção de Deus para o novo casal e para a nova família que vai nascer.

Para os que acreditamos na graça sacramental, o Espírito Santo configurará o novo casal a Cristo, esposo da Igreja, e fará deles um sacramento do amor que o fez morrer e ressuscitar pela humanidade. Verdade, beleza, bondade se encontram fazendo daquele momento uma ocasião única de experiência de Deus, às vezes só intuída. Por isso é tão bonito festa de casamento e dá para entender todo o esforço em preparar uma festa que seja inesquecível em todos os detalhes, começando pelo convite, passando pela escolha das roupas, ornamentação da Igreja, a recepção, e finalmente a lua de mel. Ninguém tem o direito de estragar a festa. Lembramos que o primeiro milagre de Jesus, foi exatamente para salvar os noivos e suas famílias do vexame de não garantir vinho até o fim. O amor é algo sagrado e um sinal de decadência de uma sociedade é a sua banalização. Bendigo a Deus pelo amor destes jovens. Que Ele os conservem verdadeiros, bons e belos para sempre. A sua alegria será uma fonte de vida que jorrará abundantemente até a eternidade. Obrigado pelo convite.

 

ARTIGO DE D. SERGIO EDUARDO CASTRIANI – Arcebispo Metropolitano de Manaus
JORNAL:  AMAZONAS EM TEMPO
Data de Publicação: 18.06.2017

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