A festa de Pentecostes

A festa de pentecostes este ano foi bonita, e como se esperava reuniu uma multidão. Difícil dizer quantas pessoas compunham a assembleia, mas o sambódromo estava recebendo na sua capacidade máxima. Dava para ver no rosto das pessoas quando se dirigiam para os ônibus que as levariam de volta a casa de onde tinham saído no início da tarde, a alegria e a satisfação por ter participado de um evento que fez memória do início da Igreja. Um pouco antes ao anoitecer enquanto o povo cantava pedindo a vinda do Espírito, milhares de pequenas luzes iluminaram a escuridão que vinha chegando, e a emoção foi grande porque todos sabiam que o Espírito Santo de fato estava ali. O milagre de Pentecostes se renovou naquele lugar, porque o milagre de pentecostes é o Amor, e por um momento sentimos o que seria um mundo sem ódio, sem violência, sem ressentimentos e vinganças. O milagre da unidade entre pessoas tão diferentes enche o coração de esperança.

No início da celebração ainda antes da missa, houve uma homenagem à Pastoral da Criança que neste ano completa trinta anos na Arquidiocese. Sinal de um reino que não é deste mundo, ela salvou e continua salvando vidas a partir de ações muito simples, realizadas por gente humilde, sem grandes meios. Expressamos assim nossa convicção de que o Espírito conduz a história que por isso mesmo é sempre história de salvação. A apresentação da juventude ainda na procissão de entrada, deixou evidente que a Igreja acredita na juventude que não é o seu futuro, mas o seu presente. Logo após a saudação inicial feita pelo presidente da celebração, todos cantaram os parabéns a dom Luiz Soares Vieira que, no último dia dois de maio, completou oitenta anos de vida. Figura humana ímpar, ele encarna afigura do pastor com pé no chão mas intuitivo e atento aos sinais dos tempos. Ao homenageá-lo expressamos também a nossa fé no Espirito que conduz a Igreja suscitando dons e carismas que a fazem crescer e frutificar.

Além destas duas homenagens a festa foi marcada pelo início das transmissões da rádio Rio Mar FM. Este novo instrumento de comunicação deve ser visto no contexto de Pentecostes, dia da efusão do Espírito e início da Igreja missionária e anunciadora da Boa Nova. Santo Agostinho diz num de seus escritos que no dia de Pentecostes a Igreja brilha no rosto de seus fiéis e arde em seus corações. Para quem naquele domingo ensolarado participou do ritual, ele foi uma magnifica experiência de Igreja. Uma igreja que é rede de comunidades, pastorais e movimentos. Uma Igreja que vive no mundo e se preocupa com ele, que faz caridade mas sabe que as causas da miséria tem que ser enfrentadas e que o descaso pela casa comum é causa de sofrimento e morte, refletindo uma tirania do capital que impede o bem viver de multidões. E embora fosse maravilhoso estar ali sabíamos que a evangelização se dá na vida de cada dia. Deixamos o sambódromo com vontade de voltar no ano que vem com a sensação de que é bom ser Igreja. Não para fugir do mundo e da vida, mas para viver intensamente a nossa humanidade assumida por Deus e transformada pelo Espírito.

ARTIGO DE D. SERGIO EDUARDO CASTRIANI – Arcebispo Metropolitano de Manaus
JORNAL:  AMAZONAS EM TEMPO
Data de Publicação: 11.06.2017

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