Ontem, dia da anunciação do Senhor, aconteceram duas celebrações especialmente significativas na nossa Arquidiocese. Na primeira as irmãs da Casa da Criança renovaram as suas promessas de servir a Cristo na pessoa dos pobres vivendo a consagração religiosa, na pobreza, castidade e obediência. Elas são conhecidas como Filhas da Caridade, e fazem parte da história da Igreja, seu Instituto tendo sido fundado por São Vicente de Paulo e Santa Luiza de Marillac no século XVII. A celebração aconteceu na comunidade das irmãs que fica no mesmo local onde mais de três centenas de crianças carentes passam o dia, recebendo comida, educação e sobretudo muito carinho. São mulheres totalmente voltadas para o serviço que realiza como pessoas, e as fazem transbordar de felicidade e satisfação em viver.
A tarde, desta vez no Conjunto Viver Melhor, numa comunidade recém estabelecida e cheia de dinamismo missionário, com a participação de amigos e familiares vindos de diversos pontos da cidade e até de fora do Estado, cercadas pelas irmãs mais velhas, três jovens mulheres fizeram a profissão perpétua na Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria. Ir. Rita de Cássia, Ir. Roberta e Ir. Sueni, diante do povo reunido fizeram os votos perpétuos entregando toda a vida publicamente a Deus. As duas missas foram presididas pelo Arcebispo, mostrando assim que estes eventos tinham uma importância especial para a Igreja. Na introdução da celebração da tarde a animadora disse que devíamos nos alegrar porque, a exemplo de Maria que respondeu com disponibilidade ao Projeto do Senhor, as três irmãs acolhendo o convite d`Ele para uma intimidade especial, na presença de todos, diriam seu sim definitivo ao Amor fiel de Deus.
Nós que participamos da solene liturgia tivemos o privilégio de testemunhar um ato de amor. O que pode levar uma mulher a consagrar-se totalmente a Deus senão uma experiência de amor. Um amor tão grande que se torna exclusivo e se materializa na pobreza evangélica, na castidade e na obediência. Vida religiosa é o seguimento radical de Jesus Cristo que fiel ao Pai e totalmente consagrado a Ele transborda de amor pela humanidade. Por isso, as religiosas, mesmo as de vida contemplativa que passam todo o tempo no silêncio e na oração, vivem a dimensão missionária da vida nova em Cristo, porque o amor sempre leva ao serviço e a solidariedade.
As três jovens pertencem a um grupo de mulheres que fizeram da missão além fronteiras a razão de suas vidas. Vivendo em comunidades internacionais elas dão testemunho da comunhão e da fraternidade entre todos os seres humanos, independentemente de raça ou nacionalidade. Cruzando fronteiras para viver em culturas diferentes atestam que o Verbo de Deus encarnado está presente em todos os povos, indo até os mais abandonados e excluídos anunciam o Deus dos pobres e oprimidos. Na cidade ela cruzaram as fronteiras e foram à periferia, onde se está forjando uma nova cultura, e onde as dores do parto de um mundo novo são lancinantes. Elas são um dom para a Igreja e para a sociedade pois o único caminho que vale a pena é o do amor.
ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – Arcebispo Metropolitano de Manaus
JORNAL: AMAZONAS EM TEMPO
Data de Publicação: 26.3.2017