Por padre Geraldo F. Bendaham
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informaram que aumentou o desmatamento na Amazônia. Estas informações são coletadas através de satélites que percebem alterações na cobertura da floresta e servem como alerta. Os dados são cientificamente corretos, no entanto, nem todos os desmatamentos são identificados, devido a cobertura das nuvens.
Vamos aos dados: de novembro de 2014 e janeiro de 2015 constatou-se 219 quilômetros quadrados (km²) de desmatamento. Comparando estes dados com o anterior de 2013 e 2014, que foram 156,8 quilômetros quadrados (km²) de desmatamento, nota-se um crescimento de 40% de desmatamento na Amazônia oficializado pelo governo através do sistema de monitoramento.
O estado que mais devastou floresta foi Mato Grosso (179,61 km²), seguido de Pará (56,8 km²) e Rondônia (21,5 km²).
Estes dados nos fazem pensar nas consequências e causas do desmatamento nas cidades amazônicas e principalmente na floresta. Dizem que os rios e Igarapés da Amazônia valem muito mais quando estão poluídos e desmatados.
Então, os governantes deixam os rios e lagos serem poluídos, com a contribuição da população e das industrias para depois irem aos bancos mundiais para realizar empréstimos e contratar grandes empresas para executar vultosas obras que nem sempre são concluídas.
Assim o capital “circula” e um pequeno grupo fica com o dinheiro dos falecidos rios, lagos e igarapés que teimam em sobreviver nas cidades, vítimas inocentes da depredação humana.
É bom lembrar que cenas como estas se repetem por todo Brasil urbano. Por exemplo, no Estado de São Paulo, os rios que cortavam a cidade foram engolidos pela casas e prédios. Foram canalizados pelos governantes e agora estão sufocados pelo lixo jogado em seus leitos. O caso simbólico é o famoso rio Tietê.
Se pensarmos bem, isso já está acontecendo no Bioma Amazônia. Após muito planejamento, vem à solução mágica: é melhor aterrar os igarapés e matar suas fontes, que recuperá-los ou investir numa maciça campanha ambiental que preserve o que é de todos para o presente e futuro das gerações.
Nesta mesma situação já se encontra boa parte da floresta amazônica. As empresas que plantam soja, exploram madeiras, continuam avançando em seus projetos predatórios e lucrativos. A contribuição social e os impostos trazidos por elas não lhes dão o direito de destruir imensas áreas da floresta, desmatando e matando a biodiversidade.
Desse modo à depredação e desmatamento da Amazônia é obra do progresso, do crescimento econômico, da implantação das grandes empresas que trabalham com o agro-negócio, mineradoras, saques da biodiversidade, hidrelétricas e grande ausência do Estado brasileiro.
O que for possível fazer pela Amazônia, devemos fazer agora, pois ainda há tempo.
Por isso, mais vez a Igreja Católica, através da CF 2017 alerta e convoca: escolas, partidos, comunidades, sindicatos, empresas solidárias, ongs, instituições governamentais, varas do meio ambiente e cada cidadão e cidadã a um grande mutirão por amor ao Bioma Amazônia, sobretudo, trabalhar pela vida dos povos que habitam esta região.
Isso será possível com a solidariedade de todos os brasileir@s e com a firmeza ética dos governantes, não somente econômica desenvolvimentista, mas social, sustentando a biodiversidade e a cultura dos povos da Amazônia.