A Cáritas Arquidiocesana organizou nesta quarta-feira (22/02), o 1° Seminário sobre Regularização, Conflitos Fundiários e Questões Ambientais em Manaus e Região Metropolitana. O evento aconteceu no auditório Mãe Paula, localizado nas dependências do Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus (Cefam) e contou com cerca de 200 pessoas, famílias inteiras, vindas principalmente de áreas como Tarumã, Puraquequara, Parque das Nações, Brasileirinho, Cidade de Deus, Alfredo Nascimento, Comunidade Aurora e Nova Aurora (proximidade de Iranduba) e até vindas de outros estados como Acre, Rondônia e Roraima.
O evento começou por volta das 8h com a recepção dos participantes que fizeram verdadeiras caravanas, alugaram ônibus e, mesmo vindo de lugares bem distantes, não pouparam esforços para se fazer presente. Após o café da manhã, todos se dirigiram ao auditório onde houve a leitura do evangelho seguida da apresentação de cada comunidade. Logo depois foram chamados os membros para compor a mesa e falar sobre o contexto das realidades urbanas e rurais no que diz respeito à moradia. Num segundo momento, foi a vez do geógrafo urbano da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Prof. Dr. Marcos Castro, dar sua contribuição sobre o assunto. Ao fim de sua palestra, foi aberto as perguntas ao público.
E os participantes não se calaram não, foram vários grupos de agricultores familiares que aproveitaram o evento para revindicar (a maioria de forma emocionada) a posse da terra, a legalização de seus assentamentos e buscarem, por meio do debate, formas de regularizar sua situação. “Nós já temos uma caminhada, uma formação dentro da luta pelas políticas públicas, acredito que nesse seminário, nós podemos fazer uma interação com outros grupos e outros movimentos que muitas vezes lutam pelo mesmo direito e as vezes não se conhecem. A Cáritas vem ser esse instrumento de união e de paz, fazendo a gente seguir no rumo que Jesus Cristo quer, que é moradia para todos, independente da religião”, disse Leandra Ribeiro, militante do movimento união por moradia popular.
Fato muito bem observado pela participante, que só vem ratificar ainda mais as palavras do diácono Afonso de Oliveira, Coordenador da Cáritas, sobre o objetivo do evento. “Nós queremos aqui hoje conversar, trocar ideias para fazer uma comissão e ver a viabilidade de organizar uma grande força tarefa, para que esse assunto fundiário não fique na invisibilidade, não fique relegado ao esquecimento, mas que as autoridades e o poder público busquem fazer a regularização para que as pessoas possam fixar suas moradias de forma legal. Temos que trabalhar nessa busca pois há de se fazer alguma coisa”, comentou.
Durante o intervalo do almoço, todos puderam saciar a fome com a refeição preparada pela equipe da realização do evento, que atendeu os participantes da melhor forma possível e, as 13h em ponto, o evento deu continuidade com a palestra do Dr. Carlos Alberto Almeida, da Defensoria Pública do Estado (DPE), verdadeiro defensor dos grupos que buscam regularizar a propriedade da terra. Muito solícito e direto ao ponto ao falar, Dr. Carlos, ao final da sua breve explanação sobre os problemas da politica urbana de moradia e sobre a Medida Provisória (MP) 759, de 22 de dezembro de 2016, colocou-se a disposição da assembleia para responder algumas perguntas e tirar quaisquer dúvidas.
Ao final do encontro que, de forma geral, teve um saldo positivo, foram feitas as considerações finais e tomados alguns encaminhamentos, resultado de tudo que foi tratado durante o dia. “Esperamos que com esse seminário, possamos ter gerado a oportunidade de esclarecer e orientar (com o apoio da Ufam, o Ministério Público Federal e da Defensoria), os nossos movimentos sociais, as comunidades e povos indígenas, que ha muito tempo vem lutando para ter acesso à moradia e ter o seu lugar com dignidade”, concluiu padre Orlando Barbosa, vice-presidente da Cáritas.