Por Pe. Geraldo Bendaham
Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias – INFOPEN – Junho de 2014, foi possível ter acesso ao número de pessoas presas no país.
Os números são assustadores. São mais de meio milhão de pessoas presas, totalizando uma população carcerária de 607.731 pessoas. Certamente, hoje o número de presos já aumentou. Ocorre que o sistema penitenciário do país disponibiliza apenas 376.669 vagas. Se fizermos uma simples conta, observa-se que faltam 231.062 vagas.
Por isso os presídios estão superlotados. Em um espaço construído para custodiar 10 pessoas, existem por volta de 16 indivíduos encarcerados, muitas vezes em condição sub humana.
É uma realidade complexa e triste, pois estes dados revelam a total falência do Sistema Penitenciário brasileiro, que em vez de recuperar o cidadão e cidadã que praticou delito, torna-se escola de violência e crime organizado.
Muitos vivem com pouca ocupação e quase nada para fazer, pois 78% dos estabelecimentos prisionais não tem oficinas de trabalho que ocupem os presidiários. Por isso tem tempo para pensar em tudo, inclusive em coisas que não prestam, por causa de sua ociosidade.
Segundo o relatório, constata-se que a maioria das pessoas que estão nos presídios estaduais são negras, baixa escolaridade e jovens. Já nos presídios federais a grande maioria são de cor branca.
Na região Norte, não é diferente. No Amazonas por exemplo, 87,0% são negros, igualmente no Pará, com 83,8% de pessoas negras.
É nesta dura realidade que atua a Pastoral Carcerária, há mais de 40 anos. Realidade abandonada pelos poderes públicos há tempo.
Somente quem de fato lucra com esta situação é a empresa terceirizada, que prefere os presídios superlotados e recebem milhões por um serviço onde existem muitas ambiguidades. Certamente, alguém precisa provar que ninguém ganha com isto?
A Pastoral Carcerária, respeita a dignidade da pessoa humana. Isso significa tratar o ser humano como fim e não como meio, sem manipular a pessoa como se fosse um objeto. Procura respeitá-lo em tudo que lhe é próprio: corpo, espírito e liberdade.
Tratar as pessoas presas como ser humano sem preconceito nem discriminação, acolhendo, perdoando, recuperando a vida e a liberdade de cada um, denunciando os desrespeitos à dignidade humana e considerando as condições materiais, históricas, sociais e culturais em que cada pessoa vive.
Por fim, a Pastoral Carcerária, não olha somente para números, mas para pessoas com a certeza que em cada um existe a presença de Cristo no mundo dos cárceres, pois estive preso e me visitastes, afirmou Jesus.