A Alegria do recomeço

O Natal se aproxima, é tempo de deixar o amor tocar o nosso coração, de deixar mágoas e ressentimento para trás e olhar para frente, acreditando em um futuro melhor para todos e com muita paz no coração. E como faz bem ao coração humano acolher na festa do nascimento do Salvador, essa Presença geradora de mudança performativa na vida e que reconcilia a nossa história, dando a ela um novo sentido.

E por falar em encontros que mudam a vida, lembro aquela bela passagem do Evangelho segundo São João no capítulo 8, quando uma mulher flagrada em adultério de madrugada, é conduzida à praça para execução pública. Humilhada por todos que ali estavam menos por um homem que estava observando todo aquele movimento. De repente um dos algozes da mulher pergunta a Jesus: “Que devemos fazer com essa pecadora?”. Jesus respondeu: “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”. E a cena continua com cada um largando as pedras trazidas nas mãos, começando pelos mais velhos descreve o Evangelho. Porém, o momento mais especial deste trecho bíblico, acontece quando Jesus conversa com a mulher pecadora. O mestre Jesus pergunta a ela: “Mulher quem te condenou?”. Ela responde: “Ninguém Senhor” e Jesus então diz a ela: “Então vá e não peques mais”.

Essa passagem sempre me impressiona muito. Apesar do erro cometido pela mulher adúltera, Jesus não a condena. Por quê? Ele não julga pelas aparências, mas vê com o coração. Aquela mulher pelo erro cometido fora humilhada publicamente, quase morta por causa do adultério. E Jesus vendo aquela humilhação, acolheu aquela mulher como um pastor que acolhe uma ovelha ferida. De fato, como Jesus mesmo disse: “Não vim para condenar, mas para salvar”. Com a atitude de não condenar a pecadora, Jesus o doador de vida, restabelece a dignidade de filha de Deus daquela mulher, retirando-a do chão da humilhação e dando-lhe a oportunidade de recomeçar a vida, de outra maneira, por outro caminho.

A cena não descreve a reação seguida deste encontro redentor. Fica para nossa imaginação. Porém, acredito que não é difícil imaginar o que ela fizera após aquela libertação da morte. Acredito que quando uma pessoa passa por uma situação limite, onde tudo parece acabado, e até a esperança parece ter morrido, o coração humano deve sentir uma profunda alegria quando a providência divina faz a sorte mudar.

Uma alegria que brota do profundo da alma da pessoa redimida, como sinal de que o Senhor oferece uma nova chance para fazer diferente, aprendendo com os erros e transformando-os em ensinamentos pra vida. Uma alegria que impulsiona a perceber que uma mudança na vida radical, uma metanóia se faz necessário. Só o amor transforma o coração humano. E quando esse amor é sentido na vida em momentos assim, de fato, vem aquele apelo interior de não pecar mais, de aproveitar essa oportunidade oferecida para reconstruir a vida, de escrever um roteiro melhor para a própria história.

Aqui neste momento deixo um exercício indicado por um grande homem da Igreja Cristã dos primeiros séculos, o Doutor Santo Agostinho quando diz: “Se você pudesse voltar no tempo e tivesse o poder de modificar algum acontecimento no dia de hoje, o que você faria diferente?”.

Independente do que fizera na vida de maneira equivocada, quero compartilhar contigo as palavras de São Paulo: “Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus”. O amor de Deus redime. Deus salva amando. E feliz é aquele que se permitindo ser amado por este Amor, encontra uma maneira diferente de viver e ser no mundo. Não tenhamos medo de recomeçar, mas movido pela alegria do perdão redentor de Deus, possamos começar de novo e reescrever a nossa história, não como alguém que foi perfeito, mas que a cada queda, tropeço e escolha equivocada, reencontra o caminho que leva de volta para a casa do Pai, rico em misericórdia, lento na cólera e cheio de compaixão.

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