E desde já acrescentamos, todas as santas, para respeitar a linguagem inclusiva, até porque santidade é feminino e as mulheres em geral são muito mais santas que os homens. Se santidade está ligada a heroicidade das virtudes, é mais frequente encontrá-las nas mulheres de nossas vidas. Quando se fala em santidade, o primeiro exemplo que nos vem à mente é a nossa mãe que foi generosa ao extremo conosco, gastando a vida por nós, transmitindo-nos a fé, tendo sempre esperança e sonhando com nosso futuro. Santidade e ética caminham juntos. Quem é santo tem princípios que formam atitudes que se exprimem num comportamento moral ilibado. Santos e santas são modelos de humanidade e para os que comungam a mesma fé, são heróis que enchem de orgulho os irmãos e as irmãs. São venerados, escolhidos como padroeiros, festejados e aclamados.
São mártires que enfrentaram carrascos e tormentos mas não renegaram a fé. São virgens que se consagraram a Deus e vivendo os votos de castidade, pobreza e obediência, anteciparam na terra a vida do céu. São bispos, presbíteros e diáconos que foram bons pastores e deram a vida pelo rebanho. São doutores que elaboraram o conteúdo da nossa fé e deixaram escritos belíssimos que até hoje a alimentam. São leigos e leigas que vivendo no mundo foram sal e luz. Entre eles há crianças, jovens, adolescentes, adultos, e muitos da terceira idade. Alguns tem suas imagens nas Igrejas, entre eles os mais conhecidos são os doze apóstolos, por motivos óbvios. Há os que foram canonizados, isto é, colocados na lista oficial dos santos reconhecidos como tal pela Igreja. Fazer isto é uma prerrogativa do papa, que o faz depois de um longo e exaustivo processo que tem várias etapas, entre as quais a declaração da heroicidade das virtudes e o reconhecimento de milagres acontecidos pela intercessão do candidato aos altares.
Na beatificação que antecede a canonização o beato é declarado exemplo de vida cristã e intercessor junto a Deus podendo ser cultuado publicamente. O dia de todos os santos na Igreja católica é tão importante que se celebra no domingo. Em primeiro lugar porque a vocação a santidade é de todos. Afinal, ser santo é ser radicalmente humano, imagem e semelhança de Deus. Quanto mais humanos formos, mais santos seremos. Em seguida esta solenidade nos lembra que não estamos sós. Uma multidão de intercessores nos acompanha. E finalmente celebrando a Jerusalém celeste reconhecemos que não temos aqui nossa morada definitiva. A liturgia nos faz viver o mistério e ultrapassar os limites do espaço e do tempo, vivendo aqui e agora aquilo que viveremos por toda a eternidade, a comunhão dos santos.
Na vida somos chamados a felicidade e Jesus mostrou um caminho. É a proposta das bem aventuranças. Para o cristão santidade é o seguimento de Jesus, tendo a mesma atitude que ele teve diante da vida e consequentemente se comportando como ele. Exemplos e intercessores não nos faltam. A santidade é possível. O pior que pode acontecer é nos conformarmos com a mediocridade contentando-nos com mais ou menos. Aí o mal se infiltra e causa danos irreparáveis.
ARTIGO DE D. SÉRGIO EDUARDO CASTRIANI – Arcebispo Metropolitano de Manaus
JORNAL: EM TEMPO
Data de Publicação: 06.11.2016