Pe. Rogério Ruvoletto é homenageado na VIII Caminhada pela Paz

Nem a chuva foi capaz de desanimar as centenas de pessoas que compareceram na tarde do último sábado (17/9), ao terreno do cruzeiro, localizado na avenida 7 de Maio, no bairro Santa Etelvina, para participarem da VIII Caminhada pela Paz Padre Rogério Ruvoletto, em homenagem ao padre italiano que foi assassinado em setembro de 2009. Desde a concentração até o encerramento, com a missa na Igreja da Comunidade Santo Antônio, a comunidade relembrou o exemplo de vida e os trabalhos realizados pelo padre junto às áreas missionárias que compõem o antigo setor 12, hoje chamado carinhosamente de setor Padre Ruggero Ruvoletto.

De acordo com Patrícia Gil Cabral, vice coordenadora do setor, a ideia da caminhada surgiu logo após a morte do padre, ocorrida na manhã do dia 19 de setembro de 2009, em seu quarto na “casa padres”, como até hoje é conhecida a residência. “Após três dias do ocorrido, nós nos reunimos e decidimos realizar esse ato em memória dele, na época deu em torno de 5 a 6 mil pessoas mobilizadas. A manifestação pela paz ocorreu no sétimo dia do seu falecimento com o objetivo de também fazer um alerta pela vida e pela dignidade do ser humano e lutar pelo martírio do padre, pois esperamos um dia obter esse reconhecimento do Vaticano”, explicou Patrícia.

Patrícia conta que era amiga pessoal do padre e que o choque da notícia pegou todos de surpresa, pois era um padre muito atencioso e prestativo, amigo de todos, católicos ou não, e sempre pronto para servir. “Ele veio de Padova, nordeste da Itália, para o Brasil e chegou a Manaus vindo de Pesqueira (PE), que o enviou para cá para desenvolver um projeto chamado “Cristo Aponta para a Amazônia”. Ainda chegou a atuar como padre durante um ano e oito meses, cuidando de todas as áreas missionárias que compõem o setor. Ele era mais do que um padre, era do tipo de pessoa que se preocupava com a gente e com certeza nos deixou com muita saudade”, comentou emocionada.

Mas apesar o saudosismo e do clima chuvoso, nada tirou o ânimo das pessoas que alegremente compareceram à caminhada que começou por volta das 17h20, com uma apresentação dos jovens da Área Missionária São João XXIII. Após a performance foi a vez de botar o pé na estrada e todos seguiram em caminhada, cantando e rezando pelas ruas do bairro até a igreja onde foi realizada a belíssima missa em homenagem ao padre. Em virtude do grande número de pessoas, a caminhada também se tornou uma carreata, com alguns carros seguindo em fila, o carro de som que ia alternando entre músicas e histórias da vida do padre tão querido por todos.

A caminhada também teve momentos de fortes emoções, principalmente na hora das paradas, três no total, onde em cada uma delas era abordado algum tema importante, como saúde; violência contra as crianças e jovens; Campanha da Fraternidade 2016 e saneamento básico. Mas sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes foi durante a primeira parada, realizada na casa onde o padre foi assassinado e todos puderam visitar o quarto onde aconteceu a tragédia e hoje em dia é uma espécie de minimuseu, com algumas coisas que pertenceram ao padre, recortes de jornal e até um pequeno altar improvisado. Vale lembrar que o Pe. Rogério foi o segundo missionário de Padova assassinado na Amazônia, o primeiro foi o padre Ezequiel Ramin, morto a tiros, em 1985 na praça pública de Cocal, Rondônia.

Emoção na celebração

Para concretizar as reflexões realizadas de maneira pacífica no trajeto da caminhada, nada melhor que finalizar com uma celebração eucarística. Coube ao Pe. Geraldo Bendaham, coordenador de pastoral da Arquidiocese, a missão de presidir a missa que foi concelebrada pelo padre Hugo Hernandez, pároco responsável pela Área Missionária Imaculado Coração de Maria (Amicom) e demais padres das outras quatro áreas missionárias que compõem o setor.

Em sua homilia, padre Geraldo lembrou não apenas do padre Rogério, mas também dos outros religiosos e leigos que deram sua vida pela obra de Deus. “Estamos aqui hoje lembrando não apenas do Pe. Rogério, mas também de todas essas outras pessoas consideradas mártires da Amazônia que perderam a vida apenas porque lutaram pelo direito social e melhorias para o povo de Deus. Esperamos que estes gestos de solidariedade realizados na caminhada, venha surtir efeito na nossa cidade e que as autoridades não fiquem indiferente em relação aos problemas que estão acontecendo”, disse.

Ao final da missa, foi feita uma homenagem toda especial ao Pe. Rogério, com uma canção contando uma pouco da sua caminhada e a entrada da bandeira do Brasil junto com a da Itália, simbolizando a união desses dois países. “Esse é um trabalho realizado há vários anos e a gente sempre se emociona. Deixa um sabor amargo pelo que aconteceu, mas também fica a sensação de esperança, por dias melhores e menos violentos”, comentou Mirco Borga, coordenador do setor e um dos organizadores da caminhada.

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